Heinrich Karl Allers nasceu em 08
de março de 1892 em Bremerhaven, uma cidade alemã no estado federal de
Bremen situada na margem esquerda da bacia do rio Weser, do lado oposto
à cidade de Nordenham.
Filho de Heinrich Allers e Ana
Allers veio para o Brasil em 1931, fugindo da Segunda Grande Guerra.
Subiu a serra das Araras e se estabeleceu como comerciante em Piraí, RJ,
às margens da recém inaugurada Rodovia Presidente Dutra, com um posto de
abastecimento de combustíveis.
Os jornais em maio de 1928
saudavam a construção da magnífica estrada:
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"Conforme estava
anunciada, realizou-se effectivamente no dia 5 do corrente a
inauguração da Estrada Rio-São Paulo. Notavel acontecimento, que se
revestiu de uma importância sensacional, constitue um motivo do
maior jubilo civico por ser mais um elo na cadeia da unidade
brasileira".
O presidente
Washington Luis saíra cedo do Palácio Guanabara, no Rio de Janeiro,
acompanhado de grande comitiva, para tão importante acontecimento.
Em Jacarepaguá, na esquina da rua Cândido Benício, onde começava a
Rio-São Paulo, era levantado arco em homenagem a Washington Luis. No
alto da montanha, hoje trecho de descida das Serra das Araras,
realizava-se cerimônia do lançamento da pedra fundamental do
Monumento Rodoviário, pelo Touring Club do Brasil.
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Em 1951 o general Eurico Gaspar
Dutra descerrou a placa de inauguração da duplicação da estrada. O
antigo caminho para São Paulo estava desbravado.
O Posto Nacional está localizado
na Rodovia Presidente Dutra no Km 237, em Piraí, RJ. Possui uma grande
história em toda a sua trajetória administrativa, por ter como objetivo
principal a fidelização de seus clientes.
Administrado desde os anos 50 por uma família onde o patriarca, já
falecido, veio da Alemanha durante a II Guerra Mundial, o Posto Nacional
é conhecido de Rio de Janeiro a São Paulo, e em todo o Brasil por quase
todos os caminhoneiros que por lá circulam, desde o início das obras da
tão conhecida Rodovia Presidente Dutra, a mais importante rodovia do
país, que liga dois gigantes Estados, e onde circula a maior economia do
Brasil.
Assim como sua administração passou de pais para filhos, seus clientes
também passam de pais para filhos. Conhecido como o “posto dos
caminhoneiros”, procura desenvolver todas as suas atividades
direcionadas ao bom atendimento de seus clientes, e na qualidade dos
produtos e dos serviços, acreditando ser essa a receita para o sucesso
de qualquer negócio.
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Caminhões e
motoristas às margens da Dutra em Piraí, RJ. Foto: Francisco Netto. |
O Posto Nacional conta hoje, com aproximadamente sessenta profissionais
distribuídos entre o pátio de abastecimento, borracharia, loja de peças
e acessórios, lanchonetes, restaurante, agência de cargas e, em
construção a loja de conveniência, a ser inaugurada brevemente. Os
serviços de pronto atendimento, desde serviços administrativos como
troca de cheques para clientes cadastrados, fax, internet e até serviços
operacionais de socorro a caminhoneiros na estrada, banheiros bem
equipados para toda a família e alimentação de excelente qualidade.
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Um
dos irmãos gêmeos Allers (esquerda), o prefeito Emílio Silva
(direita) participando de uma inauguração em Piraí. Data provável:
década de 1970. |
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Mas se você não foi a Piraí e, por
alguma razão, está viajando de carro pela Via Dutra, sentido São
Paulo–Rio, uma sugestão: faça uma parada para descanso (ou para
abastecer o carro) na Casa do Mamão, localizada no Posto Nacional, que
fica no km 237. Ali você vai provar a procurada torta musse de chocolate
com macadâmia, com a qual o descendente de imigrantes alemães Martin
Henrich Allers, o Mamão, venceu o concurso de gastronomia do Piraí Fest
em 2005.
Klaus – filho do Mamão – hoje, ao lado da irmã Sabrina, toca o
restaurante, explica que muita gente, caminhoneiros ou não, buscam
apenas saborear a torta, ou, ainda, o pavê de macadâmia. A Casa do Mamão
também vende a macadâmia assada e salgada.
Recordações:
Na década de 1970, na pacata e
silenciosa Piraí, a pickup do Sr. Carlos trafegava lentamente. A
velocidade que o velho alemão imprimia era condizente com a
tranquilidade local - cerca de 20 km por hora. Todo dia ele fazia o
mesmo percurso: do Posto Nacional até o banco Predial. Levava o
dinheiro arrecadado na véspera para depositar no banco. Bons tempos em
que um cidadão podia cumprir essa tarefa simples. Recebido pelo gerente
na porta do banco, o dinheiro acomodado em saco de papel pardo era
contado e feito o depósito.
Terminada a tarefa, Sêo Carlos
como era chamado pelos locais, voltava ao trabalho. Passava pela porta
de nossa casa na mesma velocidade de chegada. A idade avançada (acho que
mais de 80 anos) não impedia de conduzir seu veículo. Tinha orgulho do
seu trabalho e não se sentia inválido.
Passando pelo Posto Nacional era
comum vê-lo chamando pelos meninos - "Bub" (garoto, rapaz, em alemão).
Participava de tudo, era respeitado e conhecido por muitos viajantes que
paravam em seu Posto para abastecer, comer e pernoitar nos caminhões.
Uma vez, a polícia rodoviária
federal, avisou a um dos filhos para que fosse buscá-lo na descida da
Serra das Araras. Como ele não mudava a velocidade, o fluxo de carros
passou a acompanhá-lo. O engarrafamento foi grande. O velho Carlos
resolvera ir até o Rio ou Nova Iguaçu, segundo me recordo.
Heinrich Karl Allers, viveu em
Piraí e deixou um legado de disciplina germânica - o trabalho enobrece e
enaltece o ser humano. Seus filhos, Martin (Mamão) e Heinrich Karl
mantiveram a tradição, atuando e expandindo o negócio familiar.
Recentemente perguntei ao
caminhoneiro que consertava uma Scania Vabis antiga, parada no Posto
Nacional:
- Essa parada é muito conhecida?
- No Brasil todo! disse o
experiente motorista. Aonde você for e perguntar e falar do Nacional,
todos conhecem.
Genealogia:
Heinrich Karl Allers casado com Matilde Gigante Allers. Pais de:
-
Klaus Anton Allers
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Martin Heinrich Allers (Mamão), casado com
Amarilis. Pais de Klaus Anton Allers e Sabrina Allers.
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Karl Richard Allers (Bub)
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