A ponte dos Sete Vinténs - a integração físico-territorial |
Ponte dos Sete Vinténs - fotografia cedida por Jorge Iório, Barra do Piraí, RJ.
Segundo um mapa em escala de 18 léguas, executado em 1778, pelo engenheiro João Jorge Lobo, em 23 de agosto de 1852, havia uma estrada na margem direita do Rio Piraí, iniciando em Tomazes e terminando no ponto da barca (na foz do Rio Paraíba). Na margem esquerda, mais ou menos onde se encontra o Paço Municipal, Joaquim José de Souza Breves, o "rei do café", mantinha ali um entreposto de café, uma rancharia para o descanso das intermináveis fileiras de tropas que vinham de várias partes e um cais para a travessia do Paraíba.
Num vislumbre visionário o Comendador Antônio Gonçalves de Moraes, filho do Barão do Piraí e sobrinho de Joaquim Breves, fez contruir uma ponte em 1853, de madeira sobre o leito do rio Piraí, coberta de telhas em toda sua extensão, propiciando a integração da unidade territorial barrense.
Instituiu a cobrança de pedágio de sete vinténs por veículo, animal ou pessoa que utilizasse aquela via de trânsito. O produto arrecadado era aplicado na conservação da ponte. Reconstruiu a ponte por duas vezes, quando foi destruída pelas enchentes. Fazia a ligação do Rio Piraí às atuais ruas Dr. Clodoveu com Aureliano Garcia.
Em 1885, o governo da Província mandou reformá-la permitindo a travessia franca.
Vamos ouvir outro relato:
"Entretanto, data de 1853, a primeira notícia concreta da existência do povoado onde, segundo o ilustre beletrista Ovídio Mello, o comendador Antonio Gonçalves de
Moraes - também conhecido como "Capitão Mata-Gente" - mandara fazer uma ponte de madeira, toda coberta de telhas, sobre o rio Piraí e, que chegou a ser refeita duas vezes, pelo próprio comendador, após ser destruída por enchentes, a primeira por volta de 1864 e a segunda no ano de 1882.
Nos dois períodos em que esteve interrompida, a travessia era feita no beco do Camarão, próximo ao local onde se encontra a atual ponte Nilo Peçanha, por meio de uma barcaça.
Segundo nos informa o jornalista Amaral Barcelos, em seu livro "Fragmentos Históricos do município de Barra do Piraí", a mencionada ponte de madeira sobre o rio Piraí, foi construida no mesmo local onde hoje se encontra a de concreto, entre as ruas Aureliano Garcia e Dr.
Clodoveu. Amaral Barcelos também nos conta que o Comendador Moraes cobrava um "pedágio", por todo veículo, pessoa ou animal que atravessasse a referida ponte, que ficou também conhecida como a "ponte dos sete vinténs", pois esse era o valor da travessia cobrado pelo comendador. Algum tempo depois, o governo da Província, ao reconstruí-la, eliminava a cobrança do pedágio.
Na cabeceira da referida ponte, à margem esquerda, o incansável comendador construira uma casa, isto é - o primeiro prédio do povoado - no qual, foi instalado em 1854, o Hotel
Pirahy, de propriedade de Francisco Ilhéu, que depois o transferiu a José Pereira Nogueira.
Antonio Gonçalves de Moraes, prestigioso fazendeiro de café em terras de Piraí, e seus descendentes, foram os pioneiros da construção de outras habitações, na redondeza, isto é - junto à barra do Piraí. Era também dono da fazenda São João da Prosperidade e da fazenda do Braço Grande (essa última doada a seu filho José Gonçalves de Moraes, em 1843), as quais, faziam divisa com a fazenda Floresta, que era de propriedade da Baronesa do Rio Bonito.
Outras construções foram feitas pelo dito comendador Antônio Gonçalves e por seu filho José Gonçalves, ao mesmo tempo em que, na margem oposta do Paraíba, os comendadores João Pereira da Silva e José Pereira de Faro, mais tarde Barão do Rio Bonito, erguiam o pequeno povoado de Santana".