A
proclamação da independência do Brasil encontrou muitas oposições no país,
pois as autoridades das províncias eram portuguesas e mantinham-se fiéis à
Coroa Portuguesa forçando D. Pedro a expulsar as tropas portuguesas em 1823.
Motivos
para o processo imigratório:
Formação
de um novo exército que garantisse militarmente a independência do Brasil;
Notícias
vindas de Lisboa sobre uma iminente invasão;
Soldados
despreparados no país;
Questão
militar na Província Cisplatina gerando conflitos com a Argentina
Solução
encontrada:
Decidiu-se
por recomendação de D. Leopoldina, arquiduquesa da Áustria e filha do
Imperador Francisco I, que havia se casado com Pedro I em 1816, trazer soldados
e colonos da Alemanha, onde o desemprego grassava devido ao conflito com Napoleão.
Imperatriz do Brasil D.
Leopoldina na Ilha da Madeira. |
Retrato
de D. Pedro I, óleo sobre tela, 1826, por Manuel de Araújo Porto-Alegre
(1806-1879). Filho de D. João VI (1798-1834), veio para o Brasil em 1808. Em 1822, casado com a Imperatriz D. Leopoldina, liderou o processo de emancipação política da Colônia portuguesa, tornando-se o primeiro Imperador do Brasil. Museu Histórico Nacional - RJ |
Ao
Major Johann Anton von Schaeffer coube a tarefa de trazer colonos e soldados
para o Brasil. Amigo de dona Leopoldina, pelo interesse comum que tinham nas ciências
naturais, foi nomeado de Agente de Afazeres Políticos no Brasil. Dificuldades
foram vencidas, apesar da proibição do Congresso de Viena em 1815, não
permitir a saída de cidadãos para outros países, tendo em vista também, o
olhar europeu sobre o Brasil, que considerava D. Pedro I um usurpador do trono.
Com
a oferta do governo brasileiro de terras de 77 hectares, equivalente a 150
"morgos", além de ferramentas, gado, sementes, auxílio financeiro
durante os dois primeiros anos e isenção de impostos nos primeiros 10 anos, a
missão de Schaefer foi grandemente facilitada.
Para
não chamar a atenção das autoridades Schaeffer embarcava soldados disfarçados
e imiscuídos entre as famílias de colonos. Vieram assim, no período de 1824 a
1830 aproximadamente 5.000 (cinco mil) colonos ao Rio Grande do Sul, em meio a
outros tantos soldados que permaneciam no Rio de Janeiro, engajados nos Batalhões
de Estrangeiros.
O
primeiro embarque de estrangeiros imigrantes foi efetuado pelo navio Argus,
capitaneado por B. Ehlers e Peter Zink. O comandante do transporte era
Conrad Meyer. Partiu em 27.7.1823 do porto de Amsterdã na Holanda e chegou no
Rio de Janeiro no dia 7.1.1824. Trazia 284 imigrantes, sendo 150 soldados e 134
colonos destinados a Colônia Alemã de Nova Friburgo no Rio de Janeiro. O navio
enfrentou fortes tempestades ainda no Mar do Norte, vindo a perder o seu mastro
principal, obrigando-o a atracar na Ilha Texel na Holanda, de onde, após
consertado, reiniciou a viagem em 10.9.1823. Dos passageiros do Argus apenas o
boticário Karl Niethammer chegaria na Feitoria do Linho-Cânhamo em 6.11.1824.
Foi o primeiro farmacêutico da Colônia Alemã de São Leopoldo.
O
navio Caroline, capitaneado por Jakob
von der Wettern e tendo como Comandante de Transporte Von Kettler trouxe a
segunda leva. Os passageiros embarcaram no dia 12.12.1823 mas a partida do porto
de Hamburgo se deu no dia 29.2.1824, chegando ao Rio de Janeiro em 14.4.1824.
Trazia soldados para os Batalhões de Estrangeiros e 231 colonos para a Colônia
Alemã de Nova Friburgo no Rio de Janeiro.
No
Rio de Janeiro os colonos ficavam alojados em galpões na Praia Grande ( Niterói),
onde aguardavam a viagem ao Sul. Enquanto que a travessia do Atlântico era
efetuada em navios de 3 mastros (galeras), as viagens para Porto Alegre eram
efetuadas em bergantins, sumacas e escunas de 2 mastros apenas. A Capital da
Província de São Pedro era atingida após 3 semanas de viagem.
Colonos e mercenários
trazidos pelo major Schaeffer:
1822 – 1823: Mercenários
trazidos da Alemanha, para formar o "Corpo de Tropas Estrangeiras", no
Exército Brasileiro, imediatamente após a proclamação da Independência,
através do médico Anton Von Schaeffer, chegado no Brasil em 1821 e nomeado
major da Guarda Imperial, pelo imperador D. Pedro I. Formaram dois batalhões de
caçadores e dois de granadeiros. Os contratados, dois tenentes engenheiros, que
foram incorporados ao Exército Brasileiro, por não haver uma unidade de
engenharia no Corpo de Tropas Estrangeiras: os tenentes Halfeld e Koeler, que
foram, respectivamente, fundadores de Juiz de Fora e de Petrópolis.
1822 – 1823: Colonos evangélicos
(264 colonos trazidos pelo mesmo major Schaeffer, que iriam para o Sul do
Brasil, mas foram instalados perto do morro de Queimados, na Serra do Mar).
1824: São Leopoldo, RS: a segunda expedição de colonos trazida pelo major Schaeffer, em 1824, mandados para o Rio Grande do Sul, tendo sido instalados onde hoje são as cidades de São Leopoldo, Novo Hamburgo e outras.
1824 - Três Forquilhas, RS:
terceira expedição de colonos enviados pelo major Schaeffer, que fundaram a
colônia de Três Forquilhas, também no Rio Grande do Sul.
1825 - Torres, RS:
provavelmente a última leva que o major Schaeffer trouxe para o Brasil.