Os barões do Pirahy - Moraes e Breves.

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  Fachada principal da fazenda Três Saltos. Foto: Instituto Cultural Cidade Viva. Inventário das fazendas do vale do Paraíba Fluminense.  
     
  A família Gonçalves de Moraes foi pioneira na região de São João Marcos, próxima de Piraí, tendo nascido, em 1776, seu filho mais ilustre, José Gonçalves de Moraes. Nas terras de Piraí, doadas por seu pai, Antonio Gonçalves de Moraes, foi que seu irmão, o padre Joaquim José Gonçalves de Moraes, fundou um engenho. Tem-se conhecimento que, já em 30 de junho de 1818, padre Joaquim mandava demarcar e benzer o cemitério de Três
Saltos, levando para a região seu irmão José como sócio e administrador da fazenda.
Em testamento datado de 1828, o padre Joaquim, lega sua parte na fazenda para o irmão, que, alguns anos mais tarde, passa a ser o único dono da propriedade. Os irmãos fizeram construir a casa de vivenda próxima às três quedas de um riacho que atravessa a fazenda e lá José, depois de casar-se com a irmã do “Rei do Café”, o comendador Breves, Cecília Pimenta de Almeida Breves, se estabeleceu e criou sua prole de dez filhos.
Em 18 de julho de 1841, José recebe o título de barão de Piraí, com grandeza. Já nessa data era reconhecido como um dos maiores benfeitores da Freguesia de Santana de Piraí. Além de ter se empenhado na emancipação da freguesia, junto com outros fazendeiros da região, organizando reuniões na Fazenda dos Três Saltos, arrecadava verbas para a construção da matriz de Santana de Piraí e dos prédios da Câmara, da Cadeia e do Júri.
 
Altar da capela de Três Saltos.
   

Através dos dotes concedidos às suas filhas, surgiram diversas e importantes fazendas de café na região, como é o caso da Fazenda Bella Alliança, doada à sua filha Anna Clara ao casar-se com o comendador Silvino José da Costa, ou o da Fazenda Três Poços, passada para Cecília, que casou-se com o comendador Lucas Antonio Monteiro de Barros, ou ainda das terras da Fazenda da Vargem Alegre, recebida pela filha Joaquina Clara, que
se casou com Mathias Gonçalves de Oliveira Roxo, o primeiro barão, com grandeza, da Vargem Alegre.
Proprietário de diversas fazendas, além da Três Saltos – entre elas Fortaleza, Santa Rita do Bracuhy, Passa Três, Confiança, e Poço de Espuma – era ainda possuidor de dois vapores de nomes Pirahy e Cecília, certamente em homenagem a seus dois grandes amores, sua cidade e sua esposa.
José Gonçalves de Moraes veio a falecer em 11 de outubro de 1859, aos 83 anos, deixando uma grande fortuna que contava com dez fazendas e 1.343 escravos. A Fazenda de Três Saltos ficou para a viúva, que morreu em 16 de junho de 1866.
A partir de então, a fazenda ficou em posse dos herdeiros até o início do século XX, quando provavelmente foi adquirida por Manoel Gonçalves Vieira que, em 1928, repassou-a a um de seus herdeiros o coronel Olívio Gonçalves Vieira. Desde então a fazenda teve vários proprietários.

 
 

Fontes: Instituto Cultural Cidade Viva. Inventário das fazendas do vale do Paraíba Fluminense.
Inventário Caminhos Singulares.
Revista do Café. Ano 84 – dezembro/2005 – nº 816, p42-43.
ALEGRIO, Leila Vilela. Janelas e Portas do Café. Vale do Paraíba Fluminense. Rio de Janeiro: SESC/RJ, 2004.
FRAGOSO PIRES, Fernando Tasso (roteiro e legenda). Fazendas, Solares da Região Cafeeira do Brasil Imperial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995.
ROCHA, Isabel. Implantação e distribuição espacial e funcional da agroindústria fluminense: arquitetura do café, 1840-1860. Rio de Janeiro: UFRJ/FAU/PROARQ,
2007.

 
     
 

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