Cartas - 16 de maio de 1888 - Fazenda da Floresta

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O comendador Joaquim José de Souza Breves fez publicar no Jornal do Comércio (Itaguaí, 20 de junho de 1888), três cartas de seu administrador da Fazenda da Floresta, em Itaguaí, RJ, sobre as dificuldades de relacionamento com os ex-cativos. Na primeira delas, o administrador, Eugênio de Souza Breves, seu neto e afilhado, assim descrevia suas dificuldades de relacionamento com os recém-libertos:
 

 

 

Retrato de Joaquim Breves. Coleção IHGB-RJ.

 
     
 

Ilmo. Sr. Comendador Joaquim José de Souza Breves.
Fazenda da Floresta, 16 de maio de 1888.

Certo das ordens de sua respeitável carta de 13 do andante mês respondo-a que, em presença de seus ex-escravos, foi lida e explicada [sic] as condições das vantagens que V. Sa.,lhes oferece, e do que eles disseram tomei nota que junto remeto-lhe, e juntamente a nota dos que já daqui saíram em número de 42. Veja que com tal acontecimento o prejuízo é inaudito: tem esta fazenda os milhos para quebrar, 40 alqueires de feijão sofrível para arrancar e que não se pode adiar a colheita...
Com respeito e obediência, sou de V.Sa., afilhado, criado e obrigado.
Eugênio de Souza Breves.

Depois que esta escrevi, vejo que até o café colhido será difícil acabar de secar para socar: os pretos querem já impor os serviços que hão de fazer, a hora e tudo mais que entendem. ESB.



Nas cartas seguintes, o administrador esclarecia que os ex-escravos aparentemente teriam concordado em permanecer sob um sistema de parceria no trabalho do campo, mas, em função disso, consideravam-se senhores da administração de seu tempo de trabalho. Por mais que o administrador se esforçasse, durante todo o mês de junho não conseguiu retornar o controle da organização do trabalho. Os libertos agiam como se ele não existisse, decididos a controlar sem supervisão os serviços da colheita, da qual, pelo sistema de parceria a eito, haviam se tornado sócios.
Buscando manter o controle sobre o ritmo de trabalho, o administrador tentara, desde aumentar a ração de carne nas refeições, matando bois para agradá-los, até despedir os mais insubordinados, que, entretanto, simplesmente se recusavam a deixar a fazenda. No final de junho, o comendador Breves decide expulsá-los a todos, com a ajuda de seus inúmeros agregados livres. Mas também essa tentativa fracassa.

 

Eugênio Breves. Col. F. Breves.

 
     
  ALENCASTRO, LUIZ FELIPE DE. & NOVAIS, Fernando A. História da vida privada no Brasil. Império: a Corte e a modernidade nacional.
Companhia das Letras. São Paulo.1998. p.370.
 
 

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