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Casarão de
Arrozal
Os
Primeiros Empreendedores e o Ciclo do Café
O
casarão, mostra bem o que significou o ciclo
do café para o distrito de Arrozal, que sob
o domínio da rubiácea chegou a ter diversas
casas térreas e de sobrado de importantes
cafeicultores, tais como: o Barão do Piraí,
José de Souza Breves, Joaquim José de Souza
Breves, José Barreto Cotrim de Almeida, José
Pedro de Medeiros Torres, entre outros.
Arrozal foi fundado sob a proteção de São
João Batista e viu surgir no fim do século
XVIII, o domínio do clã dos Souza Breves,
formado pelos irmãos José de Souza Breves
(depois capitão-mór), Domingos de Souza
Breves, Thomé de Souza Breves, Manoel de
Souza Breves e Ana Margarida de Jesus de
Souza Breves filhos de Antonio de Souza
Breves, que recebeu sesmaria na região em
1784.
José de Souza Breves foi o que mais se
destacou fundando a fazenda da Manga Larga
do Mato Dentro, em terras deixadas por seu
pai. De suas plantações de arroz surgiu o
arrozal do capitão-mór, que depois o arraial
tomou-lhe o nome.
Com o advento do café na década de 1830, o
Arraial, que por provisão do Bispo do Rio de
Janeiro passou de capela curada a freguesia
com o seu crescimento acentuado vê também a
necessidade de melhorias urbanas, o que vai
acontecer com a construção de habitações
mais suntuosas e confortáveis
proporcionadas pelo dinheiro do café.
Em fins da mesma década de 1830, a freguesia
que pertencia a Barra Mansa, passa a fazer
parte da recém criada Vila de Santana do
Piraí.
O Casarão
O famoso casarão foi construído por Manoel
de Souza Breves (chefe do clã dos Breves
miúdos), por volta do ano de 1836 (inscrição
no madeiramento do sobrado), para servir de
moradia na parte superior e comércio no seu
térreo. Com a morte de Manoel em 1846, o
casarão passa as mãos de sua esposa
Possidônia Vianna de Gouveia, que não faz
mais nenhuma benfeitoria no local. No
Inventário de bens aberto no mesmo ano de
1846, por ocasião da morte de Manoel de
Souza Breves à folha 12, o casarão é
avaliado: Bens na Freguesia- “ Um dito
(lance de casas de sobrado) com escada que
serve de entrada no valor de 750$000
(setecentos e cinquenta mil réis)”.
Anos mais tarde com a morte de Possidônia o
sobrado é adquirido pelo comendador José de
Souza Breves Filho, que no fim do ano de
1856, começa uma grande obra de aumento do
prédio, que se arrasta pelo ano de 1857,
como informa o fiscal do Arrozal na 3ª
sessão da Câmara de Piraí desse ano: “
Acham-se muitos prédios em construção o Sr.
Comendador José de Souza Breves aumenta sua
habitação dando-lhe uma maior extensa vista
e por isso mais beleza para a rua Direita.”
(Atual Theodora Barbosa Ribeiro) Com as
obras prontas, o andar térreo serviu para
comércio, reuniões para eleições de
eleitores e Juízes de Paz (1863-1867) e para
as orações e missas na freguesia em três
momentos: 1º Quando do desabamento de parte
da igreja matriz; 2º Depois da demolição
da igreja; e 3º Quando da construção da nova
matriz. No relatório do fiscal de Arrozal
datado de 26 de abril de 1873, ele relata ao
Presidente da Câmara sobre as obras na
freguesia “Desentulho de um boeiro
próximo ao antigo sobrado de Dona Possidônia
hoje propriedade do Sr. Comendador José de
Souza Breves”.
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O
casarão em sua parte superior servia ao
comendador José de Souza Breves quando de
suas vindas a freguesia, mas também servia
aos parentes e amigos que precisassem
pernoitar na freguesia. Com a morte do
Comendador em 1879, o sobrado foi avaliado
no volume 3º do seu Inventário folha 364 e
verso, diz o termo: - Bens na Freguesia
do Arrozal “ Casa de sobrado com gradil de
ferro em terreno de São João por 4:200$000
(quatro contos e duzentos mil réis)” e
só a mobília do andar superior foi avaliada
e constava de “três marquesas, dezoito
cadeiras de palhinha, dois sofás, quatro
aparadores, duas mesas redondas, uma mesa de
jantar, um guarda louça, um lustre na sala,
seis quadros, um quadro grande com moldura
dourada, três mangas de vidro, quatro
arandelas com mangas e uma redoma por
420$000 (quatrocentos e vinte mil réis).
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Comendador
José de Souza Breves e sua mulher Rita
Clara de Moraes Breves |
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No andamento do Inventário seu parente o
capitão Joaquim Ferreira Ribeiro “Quincas
Ribeiro” adquiriu o mesmo ao espólio do
comendador, sendo que na parte inferior
continuou com o mesmo objetivo, servir para
comércio e na parte superior continuou
reservado ao capitão Quincas Ribeiro quando
de suas idas a freguesia para tratar de seus
assuntos particulares, visto que o mesmo
morava na fazenda do Bonsucesso.
Como o capitão Quincas Ribeiro pouco usava o
sobrado, resolveu junto com sua esposa dona Theodora Barbosa Ribeiro, vender a Irmandade
do Santíssimo Sacramento, da qual eram
irmãos o imóvel, o que foi ratificado por
escritura lavrada em 05 de outubro de 1892.
A
partir desse momento as reuniões do
diretório da Irmandade passaram a ser
realizadas no sobrado ao qual guardava
também todos os pertences da mesma. Com a
dissolução da Irmandade na década de
1970, o sobrado foi a doado à Diocese de
Barra do Piraí e Volta Redonda por escritura
pública de 22 de agosto de 1980, a Diocese
se fez representar na figura do então bispo
Dom Waldir Calheiros.
No ano de 1991, através do Projeto de Lei nº
15, de autoria do Vereador José Juarez Reis
Franco, o sobrado foi tombado pelo município
pela Lei nº 292, de 23 de maio desse mesmo
ano.
No projeto de lei consta o sobrado (prédio)
e mais alguns objetos são citados, como uma
custódia de prata com pedras de brilhantes,
uma vara de prata de uso do provedor,
cálices de prata, coroas, campainha e vários
quadros importados pintados a óleo vindos de
Portugal. Quando existe o tombamento tudo
que esta relacionado com o lugar também é
tombado, ou seja, esse objetos também foram
tombados e deveriam constar de um livro de
tombo abertos pelo órgão responsável.
A
circunvizinhança do sobrado também não
deveria sofrer modificações, como a
transposição do chafariz da rampa da matriz
para a frente do prédio, o que já significa
descaracterização do local, deveria voltar o
chafariz para o local onde estava.
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