Haritoff - um nobre russo na corte brasileira

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  Joaquim Nabuco e Madame Haritoff  
     
 

Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo (1849—1910)

Em 10 de fevereiro seguinte, Sua Santidade concedia-me uma audiência particular. Dei conta dela no mesmo dia, escrevendo para o País... Dentre os papéis velhos que formam "as parcelas de minha vida", a expressão é de uma carta do imperador - outro papel velho que é para mim uma relíquia - este há de ser sempre um dos mais preciosos; a emoção que ele guarda não poderia ser repetida. e é dessas que aumentam à medida que os anos se afastam... Por isso o reproduzo agora:

O Papa e a Escravidão

Foi bem forte a impressão que eu trouxe de Roma... Nos fins de abril, não se sabendo ainda até onde iria a reforma anunciada pelo novo Gabinete João Alfredo, assisto à festa da libertação em massa de uma fazenda do Paraíba e a lembrança que me ocorre é a das maravilhas do Vaticano... Que emoções essas da abolição! Como tudo se fundia em uma mesma nota, misteriosa e íntima, como se tivéssemos em nós nesses momentoso coração dos escravos em vez do nosso próprio! É este o trecho em que descrevi aquela emoção da Bela Aliança...

A senhora a quem me referia era uma compatriota nossa, que casara em Paris com um jovem e elegante russo. Há dela um admirável retrato em tamanho natural, obra de Richter. A suavidade e doçura de madama Haritoff, a tão popular d. Nicota, emprestavam-lhe uma beleza toda de expressão, com seus longos cabelos pretos, seus grandes olhos luminosos, sua tez de um moreno mate, e a graça de seu corpo, tinha para os estrangeiros um caráter especial, distintamente brasileiro.

A Fundação Joaquim Nabuco guarda em em acervo a Carta-convite enviada em 22 de abril de 1888 escrita em francês por Maurice Haritoff: "CONVIDANDO-O A CUMPRIR A PROMESSA DE VISITAR A "FAZENDA DA BELLA ALLIANCA", APROVEITANDO A OPORTUNIDADE DE PARTICIPAR DA FESTA DE LIBERTACAO DE TODOS OS SEUS ESCRAVOS .
 

(Minha Formação, Joaquim Nabuco)

 
     
 

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