Em
10 de fevereiro seguinte, Sua
Santidade concedia-me uma audiência
particular. Dei conta dela no mesmo
dia, escrevendo para o País... Dentre
os papéis velhos que formam "as
parcelas de minha vida", a expressão é
de uma carta do imperador - outro
papel velho que é para mim uma
relíquia - este há de ser sempre um
dos mais preciosos; a emoção que ele
guarda não poderia ser repetida. e é
dessas que aumentam à medida que os
anos se afastam... Por isso o
reproduzo agora:
O Papa e
a Escravidão
Foi bem
forte a impressão que eu trouxe de
Roma... Nos fins de abril, não se
sabendo ainda até onde iria a reforma
anunciada pelo novo Gabinete João
Alfredo, assisto à festa da libertação
em massa de uma fazenda do Paraíba e a
lembrança que me ocorre é a das
maravilhas do Vaticano... Que emoções
essas da abolição! Como tudo se fundia
em uma mesma nota, misteriosa e
íntima, como se tivéssemos em nós
nesses momentoso coração dos escravos
em vez do nosso próprio! É este o
trecho em que descrevi aquela emoção
da Bela Aliança...
A
senhora a quem me referia era uma
compatriota nossa, que casara em Paris
com um jovem e elegante russo. Há dela
um admirável retrato em tamanho
natural, obra de Richter. A suavidade
e doçura de madama Haritoff, a tão
popular d. Nicota, emprestavam-lhe uma
beleza toda de expressão, com seus
longos cabelos pretos, seus grandes
olhos luminosos, sua tez de um moreno
mate, e a graça de seu corpo, tinha
para os estrangeiros um caráter
especial, distintamente brasileiro.
A
Fundação Joaquim Nabuco guarda em
em acervo a Carta-convite enviada em
22 de abril de 1888 escrita em francês
por Maurice Haritoff: "CONVIDANDO-O A
CUMPRIR A PROMESSA DE VISITAR A
"FAZENDA DA BELLA ALLIANCA",
APROVEITANDO A OPORTUNIDADE DE
PARTICIPAR DA FESTA DE
LIBERTACAO DE TODOS OS SEUS ESCRAVOS
.
(Minha Formação, Joaquim
Nabuco) |