Os retratos de
família
Julho de 1998 - Folheando o livro Salões e Damas do
Segundo Reinado, Editora Martins (1972), de Wanderley de Pinho,
vi uma fotografia do Capitão-mór José de Souza Breves, e nela
estava escrito: "Coleção João Hermes de Araújo". Com o trabalho
de pesquisa, encontrei em "Pioneiros da Cultura do Café" de
François Lecesne, o mesmo retrato de José Breves e o nome de seu
colecionador. Fiquei curioso para saber quem era o tal
colecionador. O tempo passou.
Por ocasião dos preparativos do lançamento do livro "A Saga
dos Breves", de meu tio Padre Reynato Breves, conheci um primo,
Guido da Costa Breves, filho de Armando de Moraes, de "O Reino
da Marambaia", obra biográfica dos Breves e Moraes, que conhecia
o embaixador. Guido passou meu telefone para João Hermes
informando-o do meu interesse por fotografias e quadros que
pertenceram a família. Estava feito o contato.
Conversei finalmente com o embaixador. É profundo conhecedor
da história da família Breves. Pesquisador notável, de conversa
agradável, disse-me que era proprietário do retrato de José de
Souza Breves, e de várias fotografias dos Breves, assim como,
sua esposa era descendente dos Breves ligados aos Monteiro de
Barros.
Como conhece a história do Império e particularmente do Vale
do Paraíba, participa de diversos eventos culturais, ou seja, é
fonte obrigatória para quem quiser se aprofundar no passado
fluminense.
Voltei a procurar o Sr. Arleu no apartamento de Mario
Peixoto, tempos mais tarde e então ele me levou até uma galeria
em Copacabana, e pude ver o conjunto de 7 retratros bastante
danificados:
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Comendador
Joaquim José de Souza Breves |
Maria Isabel
de Moraes Breves, esposa de Joaquim Breves |
Barão de Piraí
- José Gonçalves de Moraes |
Baronesa do
Piraí - Cecília Pimenta de Almeida Frazão de Souza Breves |
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Comendador
José de Souza Breves (irmão de Joaquim), pintado por Edmond
Viancin |
Rita Clara de
Moraes Breves (esposa do Com. José Breves), pintado por
Edmond Viancin. |
José Frazão de
Souza Breves, filho de JoaquimBreves. |
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Apesar de alguns não estarem assinados, vê a assinatura do
pintor preferido da Côrte Claude J. Barandier. Fiquei
extremamente emocionado. Os retratos de família finalmente
haviam sido achados.
Arleu disse-me que gostaria muito de vender as telas, pois
precisavam de restauração urgente.
Entrei em contato com o Embaixador João Hermes, e fomos até a
galeria de Copacabana. O diplomata e sua esposa ficaram
encantados com os retratos. Arleu nos acompanhou e ficamos de
retornar com alguma solução.
Os retratos tiveram um destino adequado, graças, é bom sempre
reiterar a iniciativa pessoal do diplomata João Hermes, que em
contato com o IHGB – Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro, envidou todos os esforços para que nada se
perdesse.O IHGB adquiriu os retratos, que se encontram em
restauração. Hoje, o embaixador João Hermes é diretor do Museu
Histórico do Itamaraty no Rio de Janeiro.
O resgate dos retratos mereceu notícia do jornal "O Globo"
(Domingo -14 de janeiro de 1996), através do jornalista Elio
Gaspari:
"Uma bonita história de cavalheirismo e
cultura"
Numa época em que o Abaporu acabou leiloado em Nova York e
arrematado por um colecionador argentino (US$ 1,5 milhão),
aconteceu ao único retrato a óleo do comendador Joaquim José de
Souza Breves, um dos homens mais ricos do Império, uma bela
história da cultura dos cavalheiros, aquele gênero em que o
conhecimento anula exibicionismo e dinheiro.
... Do rosto do comendador há dois registros, um desenho e
uma fotografia. Ambos deles já velho. Conhecia-se um óleo do
fazendeiro quando jovem, mas sabia-se apenas que ficara com mais
um de seus descendentes, o cineasta Mário Peixoto ("Limite").
...um antiquário da Rua Figueiredo de Magalhães, em
Copacabana, tinha sete quadros do acervo da fazenda de Breves.
Entre eles o óleo do comendador. Estavam sem moldura,
escurecidos. Havia também um retrato do Barão de Piraí, pintado
pelo frânces da moda no Vale do Paraíba.