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Fui
Procurado pelo repórter Dirceu Martins da
EPTV, emissora de Ribeirão Preto, SP, para
colaborar no programa especial "Ouro de
Kaffa".
A saga do café, contada pela EPTV em dois
programas foram veiculados em Novembro de
2001,
com trilha sonora do compositor Paulo Jobim.
A grande aventura de 50 mil
quilômetros em sete países e quatro
continentes, por terra, ar e mar, foi a
árdua tarefa da equipe
da
EPTV. Acompanhando um carregamento de café
do porto de Santos a Gênova, a bordo
do cargueiro Libra Livorno, um trabalhador
rural mineiro faz o caminho inverso ao dos
imigrantes para encontrar seus
parentes italianos.
No coração
selvagem da África,
na região de
Kaffa, na Etiópia, a equipe encontra o banco genético da
planta que escreveu a história do Brasil. No Vietnã socialista, pela primeira vez,
foi permitida a filmagem dos cafezais
que deram ao país o título de segundo maior
produtor e exportador mundial de café.
A
EPTV revela mais: a gente e as belezas
do Sul de Minas, a região que mais produz
café no mundo. E faz um mergulho no passado,
com o resgate da passagem meteórica do Ouro
de
Kaffa.
A equipe de Dirceu Martins passou pelo Vale
do Paraíba paulista e fluminense. No portal
da Fazenda da Grama, em Rio Claro, RJ, foi
gravada a entrevista que falamos um pouco da
história do "rei do café" - Comendador
Joaquim José de Souza Breves. Ficou
registrada no site da EPTV e em vídeo, no
"Relato da Viagem dos Repórteres - Diário de
Bordo:
10/09/2001 13:04:00,
Casa grande, sarau e lembranças de um "rei
do café".
A equipe me
acompanhou na visita por algumas fazendas:
Ponte Alta - com seu sarau noturno e Três
Saltos dos Barões de Piraí. Estiveram em
Vassouras e Piraí.
Um programa
compacto foi exibido pelo Globo Repórter -
TV GLobo em 15/02/2002
com o título de "O
mapa do café"
Heróis da roça - Entrevista com Dirceu
Martins:
O repórter Dirceu Martins, que fez o
programa especial da EPTV "Ouro de Kaffa",
fala sobre sua experiência com os
apanhadores de café no Sul de Minas Gerais.
Um encontro inesquecível e marcante.
Eu não sabia que o café tinha tanto sangue
humano. Só fui perceber isso quando vi as
primeiras gotinhas de sangue que saíram da
minha mão, colhendo café para o especial
"Ouro de Kaffa". Apesar de ter feito tantas
reportagens sobre o café, só então fui
compreender a dimensão da grandeza da mão do
homem trabalhador.
Vou citar os dignos e belos caipiras que
estavam comigo naquele cafezal de Três
Pontas, no Sul de Minas Gerais. Um deles,
seu Jovino, eu encontrei numa das ruas de
café, escondido entre os galhos e o chapéu
puído de feltro. Quando bati nas costas dele
percebi que era um homem de mais de 70 anos,
olhos baços e voz amortecida pelo
cansaço.Mas com a presteza de quem está
acostumado a tratar muito bem quem o
procura. A velha e boa generosidade caipira
Cláudio Martins Claro, pouco mais de 30
anos,campeão da colheita: um craque. O
Romário do cafezal. Fala pouco e dá show de
bola. A diferença entre ele e o craque é que
Claudio é alto e não faz um segundo de
pausa. Também não sai pro aplauso quando
acaba a partida. Senta-se entre os
companheiros e volta pra casa num caminhão
pau-de-arara.
Vinilici: a menina de 16 anos não desperta
poesia, mas lembra a dureza do cafezal,
talvez porque ela, loura e linda, com as
mãos calejadas tão cedo,seja a poesia em
pessoa...Mas o caso dela não é de verve, é
de futuro. Ela acha que vai continuar a
colher café a vida inteira, mas não sabe se
até lá vai ter café no pé, em Minas Gerais.
Conclusão: já cheguei ao eito da roça
achando que os colhedores de café eram gente
muito boa. Saí, no fim do dia, moído e
comovido, com essa impressão multiplicada e
marcada, na palma da mão, pelos espinhos
invisíveis do cafezal. Tenho certeza de que
são heróis.
Dirceu Martins, especial para o Sítio do
Caipira (EPTV) |