Em outubro de 2006 desembarcamos
na Marambaia. O magnífico visual de chegada naquele pontal traziam
lembranças de nossa última visita em 2001.
Nos recepciona
desta vez o Comandante do CADIM - Centro de Adestramento da Ilha da
Marambaia, Cesar Lopes Loureiro, Capitão-de-Mar-e-Guerra (FN).
Também tivemos
excelente acolhida e a oportunidade de participar de agradável
reunião com o Comandante Geral dos Fuzileiros Navais - Almirante
Tosta.
Nossos sinceros
agradecimentos pela estadia e acolhida generosa naquelas
instalações.
Enfim,
conseguimos chegar na praia da Armação. De "casco rígido" (como
dizem os militares), a pequena e veloz embarcação nos transporta até
a praia que até 1890 serviu de entreposto de escravos para o "rei do
café", Comendador Joaquim José de Souza Breves.
Caminhando pela
trilha, debaixo de sol forte, uns 400 metros à frente, nos deparamos
com as ruínas da casa-grande ou solar dos Breves como era chamado.
Bastante
danificada, ainda conserva parte de sua varanda e piso original,
algumas janelas e o restante ruiu com a ação do tempo. No tempo de
Joaquim Breves, ela possuía 53 metros de frente, com diversos
quartos, salas e cozinhas.
Atacados
constantemente pelas "mutucas" (nunca vi tantas) o grupo permanece
pouco tempo examinando as ruínas da casa.
Bem próximo
dali, ficam as ruínas da antiga capela dos escravos. Podemos ver uma
de suas paredes tomada pelo mato.
Aliás, a
vegetação é soberba. Preservada e aparentemente intocada. Somos
surpreendido por gritos de macacos no alto das árvores no caminho.
Continuando a
caminhada, usando como arma apenas galhos para "tentar" espantar o
enxame de mutucas, chegamos às imensas colunas de pedra e cal. São
muitas no meio da mata fechada. Faziam parte do antigo engenho de
socar café, bem como serviam de senzalas e quarentena para os
escravos.
Um ilhéu,
descendente dos escravos dos Breves, nos afirmou que grossas
correntes pendiam daquelas colunas de pedra.
Existem dúvidas
quanto a origem daquelas colunas. Os militares achavam serem elas as
ruínas do "solar dos Breves", devido ao vulto da construção.
Esclareci ao Almirante que Joaquim Breves adquiriu a ilha da
Marambaia, a restinga e as ilhas Bernarda, Saracura e Papagaio, para
servir de entreposto da carga humana que trazia da África. Os
tumbeiros desembarcavam os escravos próximo a Marambaia, onde
ficavam de quarentena (em recuperação da viagem forçada).
Assim, fica
explicado o tamanho daquelas construções: serviam de alojamento para
os escravos, e para o engenho de socar café. É bom lembrar que o bem
de maior valor naquela época era a mão-de-obra. Um escravo sadio
valia em média 1 conto de réis. Era comum, o conjunto de escravos
numa determinada fazenda, valer mais que toda a terra, casas e
cafezais.
E, por outro
lado, Joaquim Breves não precisava manter uma casa-grande portentosa
na ilha. Palácios eram suas outras propriedades, como por exemplo:
São Joaquim da Grama e Santo Antonio da Olaria, que eram casarões
gigantescos.
Retornando ao
passeio, nossas "companheiras" mutucas não nos deixavam em paz,
sendo necessário após as fotos, bater em retirada.
Parte do grupo
seguiu de volta numa lancha que estava nas proximidades, e nós
retornamos pela trilha que passa por toda a encosta da ilha. Uma
dura caminhada (sobe e desce) que fizemos em hora e meia, mas
recompensatória pela beleza da paisagem, das praias e do belo
cenário de mar e montanha.
Exaustos, mas
satisfeitos pela quantidade de informação obtida, e belas
fotografias tiradas chegamos ao CADIM.
É amistosa
convivência entre os ilhéus (descendentes da escravaria dos Breves)
com os militares. Estão espalhados por algumas praias, vivendo da
pesca e precária agricultura.
Pernoitamos na
antiga tulha (ou senzala) dos Breves que hoje serve de hotel de
trânsito para os visitantes, e no domingo retornamos para Itacuruçá.
Aloysio Clemente M. I. de J. Breves Beiler (Outubro
de 2006 - Rio de Janeiro) |