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A história de João
Gomes dos Passos Perdigão 1792-1865
No período de janeiro a junho de 1829, entrava no porto de Molembro,
Angola, na costa africana, uma embarcação chamada E. Mercantil para
carregar seus porões com escravos. Seu destino era o Brasil. A Marinha
Britânica informou em seu relatório a passagem da embarcação, um patacho
ou brigue no percurso de Rio, Molembo, Rio. (House of Lords, The
Sessional Papers, 1801-1833). Os ingleses através de Lord Strangford se
valiam dos Tratados de Aliança e Amizade firmados com Portugal que
permitiam a fiscalização de embarcações que comercializavam escravos da
África para o Brasil. Assim, o tráfico era controlado e os ingleses
pressionavam D. João VI para uma gradual abolição de comércio tão
infame.
O Diário Fluminense de 1829 informava que entrou no Porto do Rio de
Janeiro o patacho E. Mercantil com o mestre João Gomes dos Passos
Perdigão, equipagem 16, carga de 160 escravos para José Antonio Ferraz.
Levou 44 dias para chegar ao porto do Rio de Janeiro, sem nenhuma morte
durante a travessia atântica, um fato raro naqueles tempos devido às
terríves condições do navios negreiros.
Os portos de Cabinda e Molembo foram grandes fornecedores de mão de obra
escrava para o Brasil. No caso específico de Molembo, somente para o Rio
de Janeiro foram traficados cerca de 10 mil escravos entre os anos de
1800 e 1860.
Assim começa a história do português João Gomes dos Passos Perdigão e
sua família no Brasil. Nascido em 1792 em Portugal, no registro do
tráfico de escravos ele estava com 37 anos.
Aqui no Rio de Janeiro, João adquire uma casa por 600$ de Gaspar José de
Miranda situada no bairro da Saúde, bairro de intensa atividade
comercial, com fábricas, estaleiros, e sua principal atividade na
Gamboa, o comércio de escravos no Valongo.
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Molembo, porto escravista na costa da África |
Embarcação da
época |
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Abandonando a função de mestre de embarcações, aparece por volta de
1840, segundo o Almanak Laemmert, como fabricante de charutos na praia
da Saúde, 53.
Em 1843, adquire um sobrado na rua Nova do Livramento, travessa da
Mangueira no. 7.
Como era prática comum para aqueles que tinham alguma posse, o português
João também tinha escravos. A Gazeta Official do Império do Brasil em
1847, dia 16 de janeiro, noticiava a fuga do escravo João de nação
Benguela, oficial de pedreiro que pertencia a João Gomes dos Passos
Perdigão. O escravo foi capturado em 22 de janeiro e na freguezia de
Santa Rita foi realizado o exame de corpo de delito.
O português João estabelecido no Rio se casa com Dona Carlota Joaquina,
filha de Manoel da Silva Moraes e de Dona Maria Thomazia de Moraes.
Tiveram os filhos:
Jorge Gomes dos Passos Perdigão Genuína Maria dos Passos Figueiredo
Antonio Gomes dos Passos Perdigão Francisco Gomes dos Passos Perdigão José Gomes dos Passos Perdigão
Nos Oitocentos, a cidade do Rio de Janeiro possuía grande quantidade de
jornais, almanaques e revistas publicadas aqui ou vindas do exterior que
circulavam e noticiavam a vida cotidiana dos habitantes. Era um tempo em
que o Almanak da Gazeta de Notícias oferecia como prêmio para assinantes
novelas como "O ventríloquo" de Xavier de Montépin, Canções românticas
com poesias de Alberto Oliveira, e a saga de Mota Coqueiro de José do
Patrocínio. No comércio vendiam-se Xarope de Digitale de Labélonye para as doenças
do coração, bronquites nervosas, coqueluches e asmas; Águas e
dentrifícios do Docteur Pierre; e Vinho de Bugeaud com quina e cacau
para os males da anemia, febres, cores pálidas e horror da comida.
Por sua atividade
comercial e representatividade junto à freguezia de Santa Rita é João
Gomes dos Passos Perdigão é nomeado
Juiz de Paz em 5 de agosto de 1860.
Em 1857, João é diagnosticado com elefantíase e morre em 15 de abril de
1865 com 73 anos de idade, e sua missa de sétimo dia é celebrada na
matriz de Santa Rita. Sua esposa Dona Carlota morre em 13 de setembro de
1883, com missa celebrada na Matriz do Santíssimo Sacramento.
As ferrovias e o trem na vida
dos filhos de João.
Seu filho
Antônio Gomes dos Passos Perdigão, nascido em 1853 se casou em
1o. de janeiro de 1888 em General Câmara, Rio Grande do Sul com
Dona Victorina Ubatuba dos Passos Perdigão.
Foi presidente da Sociedade Dramática Musical do
Engenho de Dentro. A Sociedade apresentava récitas mensais,
como por exemplo: O cego e o Corcunda e o reprise do drama Thereza ou a
orphã de Genebra. A Gazeta de Notícias, sexta feira, 4 de maio de 1883
anunciava:
"Foi grande a concorrência de povo
que afluiu anteontem ao teatrinho das Oficinas, afim de assistir à
recita correspondente ao mês findo, dada pela Sociedade Dramática
Musical Engenho de Dentro.
Foram representadas muito satisfatoriamente pelas amadoras e amadores,
as comédias: Dois Tímidos, Defeito de Família e Manuel Mendes. Terminou
a meia noite, seguindo-se a parte dançante."
Durante um tempo foi mestre geral das
oficinas da Estrada de Ferro de Porto Alegre a Uruguaiana, e mais tarde
funcionário das Estrada de Ferro Central do Brasil. Antônio
faleceu em 26 de maio de 1915 no Rio de Janeiro.
(Ver sucessão)
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Francisco Gomes dos Passos
Perdigão, outro filho de João, foi empregado público morador na rua Dona Luzia,
foi casado com casado com Dona Hermelinda Candida da Fonseca
Perdigão.
(Ver
sucessão)
José
Gomes dos Passos Perdigão, casado com Dona Maria
Mathildes Perdigão, filha de João Alves Guerra e de Dona Maria
Guerra, era
maquinista e morador da Rua Padilha. Francisco e José eram pessoas respeitáveis eram comumente
chamadas a participar do Tribunal do Júri pois tinham renda e sabiam ler
e escrever, bem como na Junta Municipal da Corte na Freguezia de
Inhaúma, como atesta o Diário do Rio de Janeiro, quarta feira, 17 de
janeiro de 1877. (Ver sucessão)
Ao lado a antiga Estação
Central da antiga Estrada de Ferro Dom Pedro II. Marc
Ferrez,1889.
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Um elogio ao aluno José Gomes dos
Passos Perdigão do Colégio de São Pedro de Alcantara. |
Dona Genuína Maria dos Passos
Perdigão Figueiredo, única filha de João nasceu em 1836 e faleceu em
6 de junho de 1917. Foi casada com Luzien Augusto Figueiredo.
(Ver sucessão)
Jorge Gomes dos Passos
Perdigão, outro filho de João e Carlota, foi casado com
Capitulina Jeorgiana de Campos Perdigão,
com sucessão. Com
Leonor Atabalipa de Moraes Perdigão, filha de Manoel da
Silva Moraes e Dona Maria Amazio de Moraes.
(Ver sucessão) |
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