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Queimada, concelho de Armamar, Viseu - Portugal Na localidade de Queimada, concelho de Armamar, distrito de Viseu em Portugal, nasceu Antonio, no dia 2 de agosto de 1883 às 3 horas da manhã. O menino foi batizado em 14 de agosto de 1883. Filho natural de Maria Cândida e neto de Manoel Alves Alexandre e Maria Cândida da Conceição. Uma região rica de gente pobre, assim era o Douro. Entre 1865 e 1885 com o aparecimento da praga (filoxera) nas videiras a situação se agravou muito com o aumento da carestia, pouca mão de obra e custos altos para renovar o plantio de novas vinhas. Em Queimada, distrito de Viseu, a situação dos agricultores não era diferente: quatro grandes proprietários e o restante da população pobre trabalhando por jornada (Jornaleiros) para obtenção de comida. A fome grassava e a mortalidade infantil era muito alta.
A vindima e os olivais eram as únicas fontes de receita daquela região.
Com ele teve 8 filhos que não foram reconhecidos. Esta falta de reconhecimento paterno resultou numa profunda mágoa no menino Antonio. Ele sabia quem era seu pai, mas não podia legalizar esta situação. A ida para o Brasil Antonio emigra para o Brasil aportando no Rio de Janeiro em companhia do seu tio Joaquim. Estava com 19 anos de idade. Ele adota o patronímico Gomes de seu pai não declarado, passando a se chamar Antonio Gomes. Aqui, na cidade do Rio de Janeiro, procura trabalho e passa a residir no Centro da cidade na Rua do Senado. Seu ofício era o de carpinteiro e também pedreiro, como muitos que aqui chegavam. O Rio de Janeiro representava a oportunidade para muitos portugueses, de trabalho, comida e moradia, e também formar família e estabelecer algum tipo de negócio. A cidade passava por grandes transformações neste período impulsionada pela grande reforma urbana promovida pelo então Prefeito Pereira Passos, que através do saneamento e urbanismo, derrubou construções antigas, contruiu novas avenidas e embelezou o Rio de Janeiro tornando-a uma cidade moderna e cosmopolita. Cerca de 1.600 prédios foram demolidos, inclusive os "cortiços" - habitações simples com grande número de moradores, atingindo também a região que António residia. Com a nova cidade crescendo os aluguéis subiram muito de preço e tornou inviável aos pobres obter moradia no Centro do Rio de Janeiro. Sendo assim, o português António, procurou nova residência ao se casar aos 22 anos, em 12 de agosto de 1905 com Zulmira Ramos, moradora da cidade, filha de Basílio Antônio Ramos e de Rita Rosa do Nascimento. O local escolhido foi Jacarepaguá, um bairro distante na zona rural da cidade. Antonio e Zulmira tiveram 2 filhos: Antonio Gomes Filho e Amélia Gomes. Trabalhava muitas horas para sustentar sua família na pequena carpintaria em sua própria residência prestando serviços para aquela comunidade da Zona Oeste.
"sem que ninguém
saiba explicar, manifestou-se um incêndio em um pequena casa situada na
Rua Barão, próximo a Praça Seca, em Jacarepaguá, de propriedade do Sr.
Alvaro Barbosa, funcionário dos Correios, ocupada atualmente por Antônio
Carpinteiro. A violência com que o fogo lavrou foi tal que em pouco
tempo, antes mesmo que a vizinhança chamasse os Bombeiros Voluntários de
Jacarepaguá, ficou reduzida a um montão de cinzas, acontecendo o mesmo
aos móveis e demais utensílios que nela se achavam. Foi um verdadeiro
milagre que Antonio Carpinteiro e sua família se salvaram". O título da nota no Jornal do Brasil era: "Perversidade? Incêndio em Jacarepaguá". A polícia do 21o. Distrito está apurando convenientemente uma grave denúncia que chegou ao seu conhecimento". O esforço para apagar o incêndio, levou Antônio a inalar fumaça vindo a ser hospitalizado para tratamento. Antonio e sua família foram residir na Rua Capitão Machado em Jacarepaguá. Em 23 de outubro de 1918 outro pesado revés acontece ao português Antonio. Sua amada esposa Zulmira veio a falecer acometida pela fatídica Gripe Espanhola, uma pandemia do vírus influenza que se espalhou por quase toda parte do mundo. A peste chegou em setembro de 1918 no navio inglês "Demerara" vindo de Lisboa, desembarcando doentes em Recife, Salvador e Rio de Janeiro, então capital federal. No mundo inteiro ocorreram perto de 30 milhões de mortos. Antonio ficou sozinho com os filhos Antonio e Amélia. Inicialmente, os parentes de sua mulher acolheram as crianças para que ele pudesse trabalhar e exercer seu ofício.
O trabalho pesado, a responsabilidade em manter a casa e filhos, aliados
a debilitada saúde, ainda por conta do grave incêndio, tinham data certa
para terminar. No dia 10 de novembro de 1921, compareceu ao Cartório seu
irmão Felicíssimo Gomes com 20 anos de idade, para declarar sua morte.
Antonio faleceu às 19 horas tendo por causa mortis um aneurisma da
aorta. Seus filhos ficaram órfãos de pai e mãe. Trocando de residência, vivendo com parentes, órfão, encontrava na sua irmã Amélia o porto seguro para suas respostas. Trabalhou durante muitos anos como gráfico na Imprensa Nacional e se casou com Ourostella Perdigão Gomes, formando sua família: Ivã, Alcir, Zenir, Ismar, Marly e Gilson.
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Fonte:
Fundação Oswaldo Cruz, http://www.invivo.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=815&sid=7 |
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Jornal do Brasil, edição de sexta-feira, 11 de agosto de 1916 | ||||||||||||||||||||
Fotos: Coleção Família Perdigão Gomes |
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