|  | 
                
                 Como 
                uma das mais importantes fazendas do ciclo do café, a Fazenda do 
                Pinheiro foi descrita com admiração pelos grandes viajantes e 
                historiadores do Século XIX e XX, entre eles Augusto de Saint 
                Hilaire, Augusto Emílio Zaluar, Louis Agassiz e Affonso de 
                Escragnolle Taunay (História do Café no Brasil – 
                Edição do Departamento Nacional do Café – Rio de 
                Janeiro – 1939). Escreveram sobre ela: 
                Era uma das mais notáveis propriedades do Império, celebrada em 
                todo o Brasil pela opulência da casa, o vulto das benfeitorias, 
                a extensão enorme dos cafezais, e portanto a cópia da 
                escravatura. Saint Hilaire 
                escreveu: A propriedade do Sr. 
                Comendador José Breves é, como te disse, uma das maiores e das 
                mais ricas da Província do Rio de Janeiro. 
                Na porta principal do 
                Casarão  está inscrito o ano de 1851, data de sua construção, 
                tendo sido custeada pelo Barão do Piraí e doada ao seu genro, o 
                Comendador José de Souza Breves, irmão de Joaquim José de Souza 
                Breves, o Rei do Café no Brasil Império. Era uma família de 
                cafeicultores cujas terras iam praticamente de Mangaratiba e 
                Angra dos Reis até Resende, no Estado do Rio de Janeiro, e onde 
                trabalhavam cerca de 6.000 escravos. Hoje, seria gloriosa a sua 
                valorização histórica, em homenagem a esses bravos que 
                plasmaram, com suor e sangue, o progresso da região. A 
                conceituada entidade Zumbi dos Palmares, de Volta Redonda, já se 
                interessou pela restauração e aproveitamento da sede. 
                 
                         Com a derrocada do café, a 
                Fazenda entrou em declínio e seu proprietário faleceu sem 
                herdeiros. Assim, ela foi adquirida do espólio pelo Governo 
                Federal em 1891 (escritura pública 
                de 28 de março de 1891, lavrada às 
                fls. 85 do livro 64 – Cartório do 7.º Ofício de Notas - Rio de 
                Janeiro, com uma transcrição em Piraí-RJ). Nos livros do Padre 
                Reynato Breves, “SANT`ANA DE PIRAÍ E A SUA HISTÓRIA”, (Diadorim 
                Editora Ltda. - 1994), e “A SAGA DOS BREVES” (Editora Valença S. 
                A.), encontram-se pormenores acerca do antigo proprietário e as 
                características do Casarão. Também existe um dossiê da 
                Universidade Federal Fluminense (UFF), que enfoca as 
                características arquitetônicas do prédio, consideradas notáveis. 
                O Casarão do Pinheiro era uma mini Corte, com oficinas, 
                cavalariça, orquestra, espetáculos de balé, saraus, etc. 
                Ostentava toda a pompa da capital imperial. 
                Em 1871, em terras doadas pelo 
                Comendador, ergueu-se a Estação da Ferrovia recém construída no 
                local, a Estrada de Ferro D. Pedro II, atual Rede Ferroviária 
                Federal (em concessão à M.R.S. Logística). Em volta dessa 
                estação formou-se a Vila de Pinheiros, atual sede do município 
                de Pinheiral, emancipado em 1995. Então, pode-se dizer que o 
                Casarão do Pinheiro foi o berço de Pinheiral. 
                 Ao 
                adquirir a Fazenda, o Governo Federal instalou no local vários 
                órgãos públicos, como uma hospedaria de imigrantes, patronato 
                agrícola e o 12.º Regimento de Infantaria. Constituiu, pelo que 
                consta, a primeira fazenda do Ministério da Agricultura. Nela 
                também funcionou, de 1915 a 1918, a Escola Superior de 
                Agricultura e Medicina Veterinária, a primeira dessas 
                especialidades no Brasil, formando aqui os primeiros 
                profissionais em 1917 (pelo que consta, Agrônomos, Veterinários 
                e Químicos Industriais). Em 1919, passou a funcionar no local 
                um dos primeiros cursos agrícolas de nível médio do país. 
                 
                A Fazenda do Pinheiro passou a 
                ter vários nomes, sendo os últimos Posto Zootécnico, Fazenda 
                Regional De Criação Em Pinheiral e Base Física De Pinheiral, 
                como vinha sendo citada nos últimos tempos pelo Ministério da 
                Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Foi um dos melhores 
                estabelecimentos agrícolas do país, albergando, durante vários, 
                anos o maior rebanho de gado Schwyz do mundo, pelo que Pinheiral 
                era conhecido internacionalmente nos países onde se valoriza a 
                agropecuária. Era considerado o “salão de visitas” do citado 
                Ministério, tanto é que foi escolhido como um dos principais 
                lugares a serem  visitados pelo Rei Alberto 
                da Bélgica, em setembro de 1920, em companhia do Presidente 
                Epitácio Pessoa e grande comitiva. O Colégio Agrícola Nilo 
                Peçanha (CANP), um dos mais antigos e tradicionais 
                estabelecimentos de ensino profissionalizante agrícola, foi 
                fundado em sua área em 1941, constituindo atualmente uma unidade 
                do Ministério da Educação/UFF.  
                            
                A Fazenda funcionou normalmente até 
                por volta de 1975, sendo a seguir paulatinamente desativada, 
                culminando a sua extinção em 1978 como órgão de fomento da 
                produção animal. Passou a ser explorada lentamente por 
                posseiros, sendo ocupada por diversas levas, especialmente a 
                partir de 1985. Em 29 de junho de 1986 deu-se a ocupação 
                pacífica da área do Mutirão da Paz. Nas áreas ocupadas residem 
                centenas de pessoas, constituindo um grande contingente de 
                agricultores familiares. Hoje, além de uma grande parte que está 
                cedida em comodato à UFF/Colégio Agrícola Nilo Peçanha, o 
                Ministério da Agricultura mantém apenas uma pequena área onde, 
                em 1982, se construiu uma Estação Fitossanitária, atualmente em 
                comodato com a Prefeitura Municipal de Pinheiral. 
                 
                Infelizmente, o velho e histórico 
                casarão da Fazenda do Pinheiro, apesar de ser o berço de 
                Pinheiral e seu cartão de visitas como 
                principal ponto turístico, está em ruínas. Em 15 de dezembro de 
                1986 foi vítima de um incêndio  que destruiu 
                parte de suas instalações e a maioria dos seus registros 
                históricos (posteriormente, houve outro incêndio). Alega-se 
                falta de recursos para que se proceda à sua merecida restauração 
                ou que seria apenas mais uma entre as dezenas de casas antigas 
                de fazenda do Vale do Paraíba que pleiteiam restauração e 
                tombamento.  
                Recentemente, Elio Gaspari, 
                publicou em O Globo de domingo, 08 de agosto de 2004, uma nota 
                sobre o tema, citando que a Universidade Federal 
                Fluminense e o Ministério da Agricultura dividem a 
                irresponsabilidade da destruição da casa-grande e de suas 
                terras, invadidas por baixo por favelados e por cima 
                por condomínios (sic). Documentos comprovam 
                que o citado Casarão está situado em uma das várias glebas 
                cedidas pela União Federal em comodato à Universidade Federal 
                Fluminense (UFF), através de contrato celebrado em 12 de março 
                de 1985. Todos os imóveis, inclusive a Casa Sede da Fazenda 
                ficariam sob a custódia da UFF por 20 (vinte) anos, ou seja, até 
                15 de dezembro de 2005.  
                Estes são os dados essenciais que podemos fornecer neste 
                momento. Estamos ao dispor para apresentar um dossiê 
                pormenorizado sobre o assunto, o que requereria algum tempo. 
                Julgamos relevante o assunto, sendo que muitos cidadãos 
                pinheiralenses já pleitearam o tombamento histórico desse 
                Casarão ou uma melhor atenção às suas ruínas. A Arquiteta Genize 
                Vicente de Souza (e colegas) apresentou um brilhante projeto 
                para o Casarão e áreas adjacentes, carecendo apenas de 
                atualização.  O Sr. Heitor Freitas Silvestre 
                e outros cidadãos da localidade já escreveram e clamaram no 
                deserto, inutilmente, contra  o descaso em 
                relação à nossa rica  História. O falecido 
                Prefeito Municipal Aurelino Gonçalves Barbosa, encaminhou, em 
                1995, um dossiê ao Ministério da Agricultura com fotografias e 
                cópias de vários documentos, fazendo diversos pleitos, entre 
                eles a recuperação e o uso do imóvel para a comunidade local, a 
                fim de sediar parte da administração municipal, biblioteca 
                pública, museu agrícola, etc. Recentemente, um Vereador do 
                Município obteve um parecer favorável do Ministério da 
                Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), 
                sobre a regularização das terras da União, com referência 
                a essa Fazenda num todo.  Tal 
                documento tem o n.º de protocolo 70000.006080/2003-43 – 
                procedência: Senado Federal, e encontra-se (dia 12/08/2004) 
                localizado na SECRETARIA DE PATRIMÔNIO DA UNIÃO, sob o número de 
                protocolo do MAPA 21044.004648/2003-70 (Delegacia Federal de 
                Agricultura no Rio de Janeiro). Acreditamos que esse documento 
                pode servir de base para regularizar as terras, incluindo o 
                Casarão. É conceito geral que é irreversível qualquer retrocesso 
                em relação a essa medida, já instaladas centenas de famílias nas 
                áreas já tomadas com inúmeras construções.  
                Atualmente, estamos nos organizando em um grupo denominado 
                “Amigos do Casarão”, com o apoio da Associação Comercial, 
                Industrial e Agropastoril de Pinheiral, a fim de pleitearmos, 
                com maior embasamento, a recuperação dessa Casa-Grande, berço 
                histórico de Pinheiral. No mínimo, pelo amor à História de nossa 
                terra, gostaríamos de ver regularizada a posse do imóvel, em 
                nome de qualquer instituição íntegra, e a preservação das 
                ruínas.Importância 
                A velha Casa-Grande está em 
                ruínas, porém os Amigos do Casarão olham esse patrimônio com os 
                olhos do amor a terra e movidos pelo seu valor histórico, 
                resumindo sua importância nos seguintes pontos:  
                  
                  
                  Pertenceu ao Comendador José Joaquim de Souza Breves, que 
                  teria sido o primeiro prefeito de Piraí e um dos grandes 
                  cafeicultores da família, os Reis do café no Brasil Império;
                  
                  
                  Constitui agora ruínas parcialmente recuperáveis de um prédio 
                  símbolo da beleza arquitetônica colonial, louvado por 
                  escritores de renome; 
                  
                  Consta que a fazenda foi a primeira do Ministério da 
                  Agricultura. 
                  
                  Nela se formaram, pelo que consta, os primeiros agrônomos, 
                  veterinários e químicos industriais do país; 
                  
                  Foi sede de algumas das primeiras escolas profissionalizantes 
                  de ensino agrícola de grau médio do Brasil. 
                  
                  Era o salão de visitas do Ministério da Agricultura, tanto é 
                  que foi escolhida para ser visitada pelo Rei Alberto da 
                  Bélgica em 1920 (caprichosamente, o vagão ferroviário, 
                  construído especialmente para a visita, encontra-se conservado 
                  no Museu do Trem, em Deodoro – Rio de Janeiro). 
                   
                 
                Vista lateral do casarão de São José 
                do Pinheiro, em Pinheiral, RJ. 
                Síntese:  
                  
                  
                  pede-se a regularização das terras e do Casarão, 
                  preferencialmente passando este ao domínio municipal para a 
                  implantação de projetos públicos e comunitários. 
                  
                  
                  pede-se, no mínimo, o tombamento das ruínas, tendo como 
                  paralelo as ruínas das Missões (RS), com revestimento protetor 
                  que impeça o prosseguimento da deterioração; 
                  dispêndio dos recursos 
                  necessários para o empreendimento segundo um projeto 
                  arquitetônico, com fontes a serem definidas pelo Poder 
                  Público. Condições mais 
                recentes, 2001  
 
                 A Fazenda, 
                em 1995 
                 Condições depois do 
                abandono 
 
                  Ref. 
                Bibliográficas: Cópias de folhas 
                avulsas da extinta revista SELECTA (setembro de 1920?), 
                fornecidas por Genize Vicente de Souza, Arquiteta;Dados fornecidos pelo Dr. Romeu Campana, Ex-Chefe da Fazenda 
                Regional de Criação em Pinheiral (dados de 1961);
 
 História do Café no Brasil - Affonso de E. Taunay - Edição do 
                Departamento Nacional do Café - Rio de Janeiro - 1939 
                (Biblioteca da FERP - Volta Redonda - RJ)
 
 O Reino da Marambaia - Armando de Moraes Breves - Gráfica 
                Olímpica Editora Ltda. - Rio - 1966;
 
 Enciclopédia Barsa - Edição de 1966 - Vol. 14, pag. 54;
 
 O Prelo - Suplemento de Cultura da Imprensa Oficial do Estado do 
                Rio de Janeiro - Ano III, n.º 28 - Dezembro de 1990;
 
 Infovet - Informação Veterinária - Sociedade de Medicina 
                Veterinária do Estado do Rio de Janeiro - n.º 7 - Maio de 1993;
 
 Apostila da Secretaria Municipal de Educação e Cultura - 
                Prefeitura Municipal de Piraí - Administração 1989-1992;
 
 Sant`Ana do Piraí e Sua História - Padre Reynato Frazão de Souza 
                Breves Filho - Diadorim Editora Ltda. - 1994;
 
 A Saga dos Breves - Padre Reynato Frazão de Souza Breves Filho - 
                Editora Valença S. A.
 
 Volta Redonda Ontem e Hoje - Alkindar Cândido da Costa - Sem 
                dados catalográficos.
 
 |