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As cidades do café no Império - Rio Claro, RJ.
Fagundes Varela

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O poeta de Rio Claro


 
Fagundes Varela - o poeta

Filho de Emiliano Fagundes Varela e Emília Carolina de Andrade, nasceu em 17 de agosto de 1841, na fazenda Santa Rita na freguesia de Rio Claro. Tornou-se advogado diplomado pela Faculdade de Direito de São Paulo (1836) e iniciou sua profissão em São João do Príncipe. Foi juiz municipal e de órfãos na Vila e também juiz de direito da comarca de Resende. Deputado pela Assembléia Legislativa da província do Rio de Janeiro (reeleito por 5 mandatos) graças à sua militância política.

Passou a infância e parte da adolescência na fazenda materna e residiu em Angra dos Reis, Goiás, Petrópolis, São Paulo e Niterói.

A paisagem natural de Rio Claro, vista da fazenda Santa Rita, ficou imortalizada no poema "Juvenília".

Saudades!

Tenho saudades daqueles serros azues,

que à tarde o sol inundava

De louros toques de luz

Tenho saudade dos prados

Dos coqueiros debruçados

À margem do Ribeirão ...

Parece que Varela nunca se sentiu bem no ambiente urbano, vivendo sempre a perambular pelos campos, como um boêmio andarilho. Dessas andanças resultaram vários poemas em que se exalta a natureza, vista como refúgio para o homem desiludido com a cidade.

A boemia alcoólica, aliada ao sofrimento familiar com a perda de um filho, levou-o a morrer jovem com 34 anos em 18 de fevereiro de 1875 em Niterói.

A obra de Fagundes Varela apresenta:

a) aspectos conservadores: permanência da grande variedade temática do Romantismo vigente: lirismo amoroso, religiosidade, exaltação da natureza e, sobretudo, o mal-do-século, retomado em vários poemas que tratam da solidão. O poeta recupera temas da poesia de Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo e Casimiro de Abreu.
b) aspecto renovador: a poesia de caráter social, em que trata da América livre, da proposta de abolição da escravatura.

A Flor do Maracujá


Pelas rosas, pelos lírios,
Pelas abelhas, sinhá,
Pelas notas mais chorosas
Do canto do Sabiá,
Pelo cálice de angústias
Da flor do maracujá !
Pelo jasmim, pelo goivo,
Pelo agreste manacá,
Pelas gotas de sereno
Nas folhas do gravatá,
Pela coroa de espinhos
Da flor do maracujá.

Pelas tranças da mãe-d'água
Que junto da fonte está,
Pelos colibris que brincam
Nas alvas plumas do ubá,
Pelos cravos desenhados
Na flor do maracujá.

Pelas azuis borboletas
Que descem do Panamá,
Pelos tesouros ocultos
Nas minas do Sincorá,
Pelas chagas roxeadas
Da flor do maracujá !

Pelo mar, pelo deserto,
Pelas montanhas, sinhá !
Pelas florestas imensas
Que falam de Jeová !
Pela lança ensangüentado
Da flor do maracujá !

Por tudo que o céu revela !
Por tudo que a terra dá
Eu te juro que minh'alma
De tua alma escrava está !!..
Guarda contigo este emblema
Da flor do maracujá !

Não se enojem teus ouvidos
De tantas rimas em - a -
Mas ouve meus juramentos,
Meus cantos ouve, sinhá!
Te peço pelos mistérios
Da flor do maracujá!

 

 
 

 

 

 

     

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