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A presença da arquitetura francesa na Turquia

Consulat de France, Istambul.


Raros são os turistas que ao visitar a Turquia, e particularmente as cidades de Istambul e d'Izmir, conhecem a existência de duas vilas antigas edificadas pelos franceses e que são verdadeiros monumentos históricos. Elas são os vestígios da longa presença francesa no Império Otomano. Os edifícios que hoje suportaram os incêndios e tremores de terra durante séculos, são qualquer coisa de notável, e foram resultados de campanhas de reconstruções que datam essencialmente da segunda metade do século XIX e início do seçulo XX. Um estudo em curso pretende a reconstituição de sua história, especialmente do ponto de vista da via arquitetural. Qualquer elemento e qualquer objeto que se apresente, é necessário recomeçar por Istambul.

Pera, Instambul - no início do século.

Acordos de 1535 e renovações a cada reinado até que em 1802, as Capitulações, base da presença e da intervenção francesa, assegurou à França uma posição privilegiada depois do Levante: eles foram favorecidos com a expansão comercial e a garantia da liberdade de consciência e de culto sob a proteção do rei de França, reconhecido como o protetor geral dos cristãos e do clero secular no Império Otomano. No século XVII, primeiro sobre o reinado de Louis XIII, dirigido por Richelieu, as missões católicas começaram com efeito um impulso considerável, realizado no século XIX, com a criação e expansão de numerosos institutos que se multiplicaram em fundações escolares e caritativas. Os edifícios construídos naquele tempo constituem uma parte essencial do patrimônio notável da presença dinâmica da comunidade francesa na Turquia.

Os franceses instalados em Constantinopla não foram muito numerosos. A pequena comunidade residente era composta de outras nacionalidades: genoveses, venezianos, holandeses e ingleses - eles não representavam uma centena de pessoas em 1670, e entre 1685 e 1719, são estimados em 175 franceses residentes que vieram a se estabelecer na capital otomana. Todos os negociantes e marchands foram morar nos quarteirões franceses de Galata e Péra. Situada ao norte da península histórica de Instambul, Galata desde o início de sua história, representa a parte mais ocidentalizada da cidade. Administrada depois da tomada de Constantinopla pelos Turcos em 1453 por um governo genovês, Galata sempre foi um centro de comércio muito importante para diversos grupos étnicos costeiros que viviam de negócios. Nas colinas de Galata, em Péra foram reagrupadas as embaixadas dos países europeus.

O Palais de France, era a residência do embaixador que exercia sua autoridade sobre todos os franceses, organizados em "uma nação francesa", foi construído sob as ordens de Henri IV e reconstruído em 1631 pelo Conde de Marcheville. Mas o palácio atual data de Louis Philippe. Em 1721, um projeto de reconstrução do arquiteto PierreVigné de Vigny, aluno de Roberto de Cotte, propõe uma mansão franco-otomana construída em tijolo e madeira, combinando com o estilo turco, peça central sustentada por uma cúpula com clarabóia, com peças de sustentação à moda européia. Este projeto não chegou aos nossos dias, pois um incêndio gravíssimo destruiu o quarteirão todo em agosto de 1831. O governo francês resolve enfim dotar Constantinopla de uma residência digna da influência que exerceu na Turquia, adotando o projeto de Pierre-Léonard Laurécisque (1797-1860). Bela construção em pedra de Malta, resistente ao fogo, seguindo o estilo dos grandes hotéis parisienses construídos no faubourg Saint-Germain. Os frontispícios de sua fachada-sul conservam até hoje o monograma LP do rei Louis-Philippe.

Torre de Galata - Instambul

 

Ao mesmo tempo em que o palácio e os edifícios anexos (estrebarias, tribunal consular e jardins), Laurécisque resolve reedificar a igreja de Saint-Louis, capela do embaixador, na cabeceira superior do jardim, religada por uma galeria ao convento dos Capuchinhos. Em 1628 com efeito, os Capuchinhos solicitam ao embaixador uma passagem que comunicasse com sua residência. A firme decisão do Pére Joseph, "a eminência parda de Richelieu", impõe com capelão das embaixadas e consulados da França os Capuchinhos, onde eles vão ser os criadores das missões francesas. A igreja de seu convento serve também de paróquia à toda "nação francesa". Predicados e ensinamentos são passados pelos Capuchinhos, que criam uma escola de aprendizes-intérpretes que se destinam a carreira que leva o nome de "jeunes de langue". A antiga Escola de Línguas Orientais foi importante e serviu de meio para o desenvolvimento do comércio de Marseille. O antigo convento foi reconstruído em 1888 e os Capuchinhos retornaram a Péra em 1881. Abandonado depois da Revolução francesa, mais tarde foi o Colégio Apostólico Saint-Louis, com um seminário destinado à formação de um clero de ritos cristãos orientais unidos a Roma. Hoje é ocupado pelo Liceu Francês de Istambul, batisado de Pierre Loti em 1989.

Extraído de "La présence architecturale française en Turquie (Istanbul et Izmir), Copyright © 1999-2000 AFIA, AssociationFrance d'Ici-et-d'Ailleurs - PARIS

 

 

 

 

 

     

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