Nascido em Treviso, chegou ao
Rio de Janeiro em 1849, tendo deixado a Itália possivelmente por
motivos políticos relacionados ao processo de unificação do
país. Inicialmente se dedicou ao ensino de desenho, lecionando
inclusive em escolas particulares no município de Cantagalo. Sua
produção artística concentrou-se a princípio nos retratos, mas
foi com o gênero paisagístico que ela adquiriu maior destaque.
Em finais da década de 1860, tornou-se um dos pintores
preferidos da aristocracia fluminense, passando a produzir
diversas obras por encomenda de nobres, barões do café e
comerciantes estrangeiros. Entre os nobres, estavam o Duque de
Saxe e o Conde D´Eu.
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Fazenda Montalto, 1881.
Óleo sobre tela. Rio de Janeiro.
Coleção Hecilda e Sergio Fadel.
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A obra Fazenda Montalto, de
1881, sintetiza o estilo de Nicolau Facchinetti. A paisagem
imensa se reduz a uma tela de 47 x 107cm, sem perder o vigor e
magnitude do lugar. A profusão de cores empregadas na tela
mostra a atmosfera do local, cada detalhe da paisagem ganha o
mesmo tratamento detalhista. Sua tela se estrutura a partir de
três planos, no primeiro plano temos tons mais escuros e as
árvores ganham destaque, no segundo a paisagem divide o espaço
com a propriedade do Senhor Mathias Gonçalves de Oliveira
Roxo, responsável pela encomenda, e ao fundo vemos as
montanhas com o efeito esfumaçado da manhã. No verso desta
pintura encontramos a seguinte inscrição:
"Fazenda Montalto propriedade do
Ilmo. Sr. Mathias Gonçalves de Oliveira Roxo - quadro
encomendado pelo mesmo Sr. Pintado fielmente do natural de julho
a agosto de 1881 [efeito da manhã às 8h 1/2]. Nota do autor N.
Facchinetti".
Em Fazenda Montalto, os planos são bem definidos e as cores
empregadas são quase fantasiosas e os tons da terra barrenta se
mostram com várias nuances de cor, os verdes das matas se
diferenciam pelos efeitos da luz. O horizonte totalmente
esfumaçado cria uma cortina de sombra atrás das montanhas. A
maestria de Facchinetti se mostra na forma de representa a
fumaça que sobe serpenteando pela tela, assim como nas duas
fileiras de arbustos ornamentais que enfeitam o caminho que fica
ao lado da casa grande.
O artista não deixa de representar nem mesmo as bananeiras e
árvores que foram cortadas e arrancadas, para dar lugar às novas
plantações de café, o que não deixa de salientar o caráter
denunciatório da pintura de Nicolau Facchinetti.
Suas vistas por se comprometerem em mostrar o “real”, não
deixavam de focar o desmatamento feito durante a expansão da
cafeicultura, por pintar para muitos barões do café Nicolau
Facchinetti não só registrou o desmatamento como também a
escravidão. Podemos também observar na tela Fazenda Montalto, o
cuidado em retratar os lugares da fazenda; a casa grande, a
senzala, o campo de secagem do café e até mesmo a fumaça que
indica o local a onde estava sendo desmatado para plantar
posteriormente o café. |
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