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  Os Breves de Oliveira Roxo  
 

                                                                                                                 

A fazenda Montalto ou fazenda do Onça

 
NICOLAO ANTONIO FACCHINETTI

Treviso, Itália, 1824 - Rio de Janeiro, RJ, 1900.
Nascido em Treviso, chegou ao Rio de Janeiro em 1849, tendo deixado a Itália possivelmente por motivos políticos relacionados ao processo de unificação do país. Inicialmente se dedicou ao ensino de desenho, lecionando inclusive em escolas particulares no município de Cantagalo. Sua produção artística concentrou-se a princípio nos retratos, mas foi com o gênero paisagístico que ela adquiriu maior destaque. Em finais da década de 1860, tornou-se um dos pintores preferidos da aristocracia fluminense, passando a produzir diversas obras por encomenda de nobres, barões do café e comerciantes estrangeiros. Entre os nobres, estavam o Duque de Saxe e o Conde D´Eu. 
 
   

Fazenda Montalto, 1881. 
Óleo sobre tela. Rio de Janeiro.
Coleção Hecilda e Sergio Fadel.

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A obra Fazenda Montalto,  de 1881, sintetiza o estilo de Nicolau Facchinetti. A paisagem imensa se reduz a uma tela de 47 x 107cm, sem perder o vigor e magnitude do lugar. A profusão de cores empregadas na tela mostra a atmosfera do local, cada detalhe da paisagem ganha o mesmo tratamento detalhista. Sua tela se estrutura a partir de três planos, no primeiro plano temos tons mais escuros e as árvores ganham destaque, no segundo a paisagem divide o espaço com a propriedade do Senhor Mathias Gonçalves de Oliveira Roxo, responsável pela encomenda, e ao fundo vemos as montanhas com o efeito esfumaçado da manhã. No verso desta pintura encontramos a seguinte inscrição:

"Fazenda Montalto propriedade do Ilmo. Sr. Mathias Gonçalves de Oliveira Roxo - quadro encomendado pelo mesmo Sr. Pintado fielmente do natural de julho a agosto de 1881 [efeito da manhã às 8h 1/2]. Nota do autor N. Facchinetti".

Em Fazenda Montalto, os planos são bem definidos e as cores empregadas são quase fantasiosas e os tons da terra barrenta se mostram com várias nuances de cor, os verdes das matas se diferenciam pelos efeitos da luz. O horizonte totalmente esfumaçado cria uma cortina de sombra atrás das montanhas. A maestria de Facchinetti se mostra na forma de representa a fumaça que sobe serpenteando pela tela, assim como nas duas fileiras de arbustos ornamentais que enfeitam o caminho que fica ao lado da casa grande.

O artista não deixa de representar nem mesmo as bananeiras e árvores que foram cortadas e arrancadas, para dar lugar às novas plantações de café, o que não deixa de salientar o caráter denunciatório da pintura de Nicolau Facchinetti.

Suas vistas por se comprometerem em mostrar o “real”, não deixavam de focar o desmatamento feito durante a expansão da cafeicultura, por pintar para muitos barões do café Nicolau Facchinetti não só registrou o desmatamento como também a escravidão. Podemos também observar na tela Fazenda Montalto, o cuidado em retratar os lugares da fazenda; a casa grande, a senzala, o campo de secagem do café e até mesmo a fumaça que indica o local a onde estava sendo desmatado para plantar posteriormente o café.

 

 

 
 
     
 
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