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  Vovó Geralda  
 

Capítulo

 
     
 

A história de Vovó Geralda

 

Em abril de 2008 recebi um e-mail com o seguinte relato:

     
 

Prezado Amigo Aloysio Clemente,

Sou uma pessoa muito curiosa e não canso de pesquisar as origens de minha família. Meu nome é Luis Celso Ferreira dos Santos, em maio completarei 60 anos e sou natural da Cidade do Rio de Janeiro. Pelo sobrenome não parece mas sou descendente do Eugênio de Souza Breves e da Vovó Geralda, uma linda negra e escrava dele.

Já encontrei parentes na família Portugal, da Cidade de São João Marcos, em Santa Cruz, Em Itaguaí e por quase todo o litoral  (Rio-Santos) até Mangaratiba.

A partir do meu Avô materno o Souza e o Breves sumiram, já que eram de minha Avó. Nasceu uma nova família - Toledo Pereira. Minha Mãe ao se casar passou a chamar-se Geralda (Nome da Avó dela) Pereira dos Santos. Eu e minha irmã, Leni Conceição, levamos somente o nome de nosso querido mas falecido Pai - O Sr. Benedito Ferreira dos Santos.  Espero mantermos contatos. Abraços, Luis Celso.”

 

 

     

Passamos ao relato de Dona Geralda, bisneta de Vovó Geralda  e Eugênio Souza Breves:

Vovó Geralda foi comprada na África e veio com sua mãe para as fazendas dos Breves. Quando completou 12 anos o fazendeiro Eugênio de Souza Breves se interessou por ela. Ela recusou o fazendeiro e foi parar no tronco da fazenda. Tiveram 4 filhos:

  • Eufrazina (Souza Breves)
  • Eugênia (Souza Breves)
  • Osório (Souza Breves)
  • Emílio (Souza Breves)

Eugênio se desinteressou pela moça e mandou ela se casar com um escravo da fazenda. Com esse escravo, Geralda teve mais dois fihos: Maria e Geraldino.

Eufrazina se casou com Manoel Rodrigues Pereira. Desse casamento tiveram:

  • Ildefonso
  • Hermógenes
  • Leonides
  • Sebastiana
  • Rosa

Ildefonso trabalhou no Lloyde Brasileiro. Casou-se com Ereonides Targine Pereira. São seus filhos:

  • Moacir
  • João
  • Geralda – que relatou essa história.
  • Albetir
  • Alberto
  • Esmir
  • Adahir
  • Eugênio – nome dado em homenagem ao bisavô.

Dona Geralda, hoje com 86 anos, que leva o nome de sua bisavó, conta que o Sr. Breves era muito ruim. Que após sua morte, acontecia, com certa freqüência, à noite, uma luz forte cruzar a fazenda, seguida de muito barulho.

- É a alma do Sr. Eugênio.! Dizia Vovó Geralda.

Diz ainda que foi batizada pela Vovó Geralda,  que conheceu até aos seis anos, quando ela faleceu com mais de 100 anos.

Uma vez, ela ralhou e bateu na sua filha Eufrazina, que era mimada pelo fazendeiro. Eufrazina,  de birra, quando o Breves chegava a cavalo na fazenda, saiu gritando dizendo:

Àquela negra me bateu! Referindo-se à sua mãe.

Eugênio mandou colocar Vovó Geralda no tronco. Não admitia que batessem na sua “filha” predileta.

Conta ainda que, quando sua mãe colocava a roupa para quarar ao sol, a centenária Geralda, ia até lá para desvirar e colocar no avesso.

Dona Geralda, bisneta do Breves, não carrega o nome da família. Disse-me que quando era criança, não comia feijão preto para não ficar preta.

Torcedora apaixonada pelo Botafogo, casou-e com Benedito Ferreira dos Santos. Estava noiva quando ele foi para a Guerra.  Esperou por ele durante um ano, e quando retornou em agosto de 1945, em dezembro (29/12/1945) se casaram. Foram morar em Cavalcante, subúrbio do Rio de Janeiro.

Gosta de ouvir Martinho da Vila e ver novelas. Fala do seu tempo de moça, quando a educação e o controle dos pais eram rígidos:

- Hoje em dia, quando a moça apresenta o namorado, já traz o filho junto!

Lembra com saudades do marido Benedito, ex-combatente, que morreu aos 77 anos. Fizeram bodas de ouro. De sua mãe Eufrazina, relatou que era uma pessoa humilde e apaixonada pelo marido. Faleceu muito jovem, aos 42 anos, deixando os filhos pequenos. Junto com a segunda esposa de seu pai, trouxe para a si a responsabilidade, ajudando a criar os irmãos mais jovens.

Relata que morou na Gávea, até os 7 anos. Depois uma sucessão de mudanças: Turiaçú, Cavalcante, Pavuna e São João de Meriti – onde reside atualmente.

Já tem bisnetos, um deles é Pedro Henrique. Seus filhos são Leni e Luis Celso (autor do e-mail) . Leni reside próximo e Luis em Xapuri no Acre.

Em resposta ao Luis Celso, indiquei o possível parentesco com os Breves representado por um dos Eugênios – são muitos na família Breves:

1ª. Possibilidade – Vovó Geralda ter conhecido o Eugênio Frazão de Souza Breves. Filho do Coronel José Frazão de Souza Breves, proprietário da fazenda das Palmeiras em Piraí, RJ. Esse Eugênio é pai de minha avó Eugênia. Entretanto, sua história é bem conhecida em Piraí, pelas fazendas da Meia Laranja e Graçaí. Morreu muito jovem. Não há referências sobre essa ligação.

2ª. Possibilidade – O Eugênio Breves que foi administrador da fazenda da Floresta, em Itaguaí. Esta pode ser muito mais próxima da realidade. Segundo Dona Geralda – de suas lembranças – existem referências a Paracambi e baixada.

Os Breves foram pródigos em filhos legítimos, reconhecidos, em afilhados que adotaram o nome da família, batizaram escravos com o nome Breves, etc...

A história contada por Dona Geralda é pertinente. Entretanto, a dúvida continua.

Restou uma foto de Vovó Geralda, centenária, sentada em uma lata de banha, em local desconhecido.

Aguardamos mais das pesquisas do Luis Celso.

 
     
     
     
 

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