A colônia de portugueses da Ilha da Madeira em Passa-Três

Retornar

 
 
   
A necessidade constante de mão-de-obra, a implantação da Lei Eusébio de Queiroz em 1850, a pressão exercida pelos ingleses contra o tráfico de escravos, e as constantes revoltas no Brasil, determinaram um incremento súbito de fluxos migratórios de trabalhadores para o Brasil, relacionados com as atividades de comércio, industria, e plantações de café e de algodão.

Dentre os emigrantes de várias nacionalidades, os portugueses dessa nova leva eram oriundos do Minho, Douro e das Beiras. As ilhas dos Açores, e em menor grau a Ilha da Madeira, enviaram também grande número emigrantes. 

   
Ver Lei Eusébio de Queiroz
   

A partir de meados do século XIX assiste-se à criação de uma vasta rede de engajadores de emigrantes, que fazem enormes fortunas exportando mão-de-obra. Os principais portos eram os da foz do Douro (Porto) e o de Lisboa. Os engajadores recorriam também aos portos da Galiza.

É durante este século que se criam no Brasil uma importante conjunto de instituições desta comunidade. Calcula-se que entre 1822 e 1900 perto de 1 milhão de portugueses do Continente e das Ilhas terão emigrado para o Brasil.

 
   
No auge da produção do café (1850 e 1860), as fazendas do comendador Joaquim Breves, requisitavam mais braços: escravos, capatazes, administradores, pedreiros, carpinteiros, etc. Em 1855, o Almanak Laemmert - a revista Veja da época - registra prosperidade da Colônia de portugueses vindos da Ilha da Madeira para se fixaram em terras do comendador em Passa-Três. São 29 famílias com 228 indivíduos.
 
   

 
   

Passa-Três, distrito de Rio Claro. Ontem e hoje.

 
 

Alguns jornais portugueses como o "Jornal do Porto" e "Comércio do Porto" divulgavam as notícias dos emigrantes pobres portugueses que aportavam no Brasil, denunciando a grave situação e "a exploração desumana e cruel dos emigrantes que trabalhavam nas fazendas rurais". Reclamavam do transporte marítimo, dos contratos firmados e dos empréstimos contraídos para pagamento de passagens.

Entretanto, para o Enviado Extraordinário e Cônsul Geral de Portugal no Rio de Janeiro, Barão de Moreira - João Baptista Moreira (1798-1868), no período de 1837 a 1838, apesar das críticas que sofria por sua leniente atuação frente aos negócios portugueses junto ao imperador, em Ofício enviado ao governo de Sua Magestade em 19 de Novembro de 1835, salienta as dificuldades dos patrícios e os bons negócios realizados com o comendador Joaquim Breves para implantação da colônia de portugueses da Ilha da Madeira:
     
  "Como V. Ex. sabe, não concorro por nenhuma forma para chamar esta gente ao Imperio, mas não posso deixar de receber o facto consummado, e por isso emprego sempre todos os meios e diligencias que estão ao meu alcance para que todos os subditos de Sua Magestade, que vêm fugindo da miseria em busca de melhor sorte ou da fortuna, se empreguem o mais vantajosamente que for possivel, principalmente aquelles que vêm onerados de uma divida pelo pagamento de suas passagens.

Felizmente, em vista das sabias providencias ultimamente tomadas pelo governo de Sua Magestade, não se têm feito contractos por locação de serviços por mais de oito a doze mezes pelo adiantamento do dinheiro preciso para o pagamento de taes passagens para homens e mulheres de serviço regular, e os rapazes, aprendizes de officio de dezoito a vinte e quatro mezes, conforme os misteres em que se empregão, o que é summamente vantajoso a esta gente, que no fim do tempo preciso têm meios de lucrativa subsistencia.

Consegui porém fazer um contracto assaz vantajoso com o commendador Joaquim José de Souza Breves, que tomou em parceria para a sua fazenda as principaes familias que vierão da ilha da Madeira no bergantim brasileiro Palpite, como V. Ex. verá da copia annexa, e estou certo que esta gente, que começou logo a disfructar tantas vantagens, porque aquella fazenda se acha já cultivada, poderá ser muito feliz em poucos annos, attendendo ás garantias que offerece este excellente contracto Trabalho para introdnzir no paiz este systema muito melhor do que o de salarios ou jornaes, segundo o merecimento ou aptidão de cada. individuo.
 
     

Ilha da Madeira, Portugal

A Igreja da Sé no Funchal. Construída entre 1493 e 1514.

Câmara de Lobos em 1900

 
   
 
  Fontes:

Almanak Laemmert, administrativo, mercantil e industrial do Rio de Janeiro. 1865, pág. 243.

Extractos de officios remetidos pelo consulado geral de Portugal, no Rio de Janeiro, ao governo de Sua Majestade, 1853-1856 - Barão de Moreira. Oficio n. 64, de 19 de Novembro de 1835.

Cruz, Maria Antonieta. Do Porto para o Brasil: A outra face da imigração oitocentista à luz da imprensa. Abel Zeferino Com a colaboração Dina Correia. < portuense.http://members.netmadeira.com/abelzeferino/Fotos_antigas/Funchal_Antingo.htm>


 

 
 

© 1996/2010 — Todos os direitos reservados: Aloysio Clemente M. I. de J. Breves Beiler
História do Café no Brasil Imperial -
http://www.brevescafe.xpg.com.br - Rio de Janeiro, RJ.