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Maria Isabel de Moraes Breves 

Dona Maria Izabel de Moraes Breves, nascida em 2 de março de 1814 e falecida a 11 de março de 1894, filha dos Barões de Piraí, José Gonçalves de Moraes e Cecília Pimenta de Almeida Frazão de Souza Breves. Aos dezessete anos casou-se com seu tio Joaquim José de Souza Breves, em 18 de abril de 1831. Coleção IHGB - Rio de Janeiro


A mater familias

A esposa de Joaquim Breves, era sua sobrinha e não gostava do cativeiro. Queria que os negros fôssem bem tratados em suas fazendas. Fez tudo para eleger seu futuro genro, Oliveira Belo, deputado, achando que o mesmo poderia ajudar Joaquim Nabuco na proposição da lei abolicionista.

Joaquim Breves entendia, porém, que o progresso do Brasil estava na lavoura, e que a lavoura sem o braço escravo era artigo de luxo. Trabalhou para mandar outro genro à Câmara dos Deputados - o Comendador Cunha Leitão, para que o mesmo lutasse em favor de suas idéias.Os velhos, marido e mulher, andavam de fazenda em fazenda, cabalando votos e deixando os eleitores em apuros.

Uns teriam que defender a Abolição contra o sogro; os outros, o sogro contra a Abolição. Desta disputa venceu o Comendador Cunha Leitão, batendo-se na Câmara dos Deputados, a favor do cativeiro, mas desgostoso perdeu a saúde, morrendo no dia em que votaram a Lei Áurea.

Dona Maria Izabel de Moraes Breves - Coleção João Hermes P. Araujo

Dona Maria Izabel, não compreendia, porém, que branco e prêto se misturassem. Dizia sempre:

"Não conheço santo mulato".

Aborreceu-se muito com o caso de uma afilhada sua, que criou e mandou depois de moça estudar em Universidade dos Estados Unidos da América. Achavam-na caprichosa e cheia de vontades. No segundo ano de sua partida, anunciou a grande novidade: tinha se casado com um americano. Não dava outras informações, porque estava de viagem marcada para o Brasil.

A Fazenda da Grama resolveu festejar o acontecimento, porque todos queriam conhecer o ianque, e por se constituir fato raro na sociedade brasileira, um casamento deste tipo. Foram feitos os convites e capricharam nos preparativos para a festa. Quando a liteira parou em frente ao portão da fazenda, a banda do Pinheiro tocou. Os viajantes começaram a subir as escadarias.

"Espanto!!!"

Os músicos perderam o compasso e baixaram os intrumentos. No alto, Dona Maria Izabel parecia uma onça acuada e Joaquim Breves fungava. Mais alguns degraus ela descarregou:

"Sua idiota! Ir tão longe para casar com um negro. Na fazenda temos uma porção!".

Extraído de "O Reino da Marambaia", de Armando de Moraes Breves.

 

 

 

 

     

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