Estrada Imperial de Mangaratiba

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Segundo Taunay, o primeiro rei do café no Brasil Imperial, foi o Comendador Joaquim José de Souza Breves, que em 1860 colheu cerca de 360.000 arrobas de suas enormes e inúmeras fazendas distribuídas por São João Marcos, Piraí e Resende,  correspondendo quase 1,5% da safra de todo o país.
     
  Rio Claro, RJ. Foto: IBGE.
     

 

 

Bebedouro em pedra de cantaria na estrada de São João Marcos. Serra do Piloto.


Tal situação exigia uma via de escoamento em boas condições de tráfego e o local escolhido foi o trecho entre o porto de Mangaratiba e São João Marcos. Segundo a Lei nº 537 de 1850, o Governo da Província autorizou a conclusão da estrada, que já existia em forma rudimentar, a ser executada por Bernadino José de Almeida. Porém o compromisso não foi cumprido e em 1855, foi constituída a Companhia Industrial da Estrada de Mangaratiba, organizada pelo Desembargador Joaquim José Pacheco, juntamente com o Conselheiro Antônio Barbosa. Entre seus principais acionistas se destacava o Tesouro Fluminense, com 1.500 ações, Barroso e Irmãos com 650, o Comendador Joaquim Breves com 400, assim como os Morais. O capital na época era de 2.400 contos de réis. Existem discrepâncias sobre o fato desta estrada ter sido a primeira de rodagem digna deste nome no Brasil. Porém já existiam as estradas Rio – Petrópolis e outra ligando o Rio à Bahia. Talvez fosse a 1ª construída com tanto esmero e também a primeira construída e explorada pela iniciativa privada, embora com ajuda governamental. Custaram na época 1.999 contos, sendo cada trabalhador pago a 800 réis por dia. Foi retificada a partir do antigo caminho existente pelo engenheiro E.B. Webb, inglês contratados pelo Barão de Mauá.
Seu movimento diário era estimado em 70 caleças, o que denota grande troca comercial e social entre as cidades além das inúmeras tropas que cruzaram, já que São João Marcos e Rio Claro eram elos de ligação com todo o Vale do Paraíba e o Norte de Minas.
     

  Barão de São Gonçalo, Belarmino Ricardo de Siqueira.

Foi vice-presidente e diretor da Cia. Estrada de Mangaratiba.

Foto: Regina Cascão <http://www.sfreinobreza.com/Nobs2.htm >

 

     
 
Casarão da fazenda Bela Vista   Ao lado está a ponte Bela, no início da estrada de São João Marcos para Mangaratiba.
     

Nela foram construídas obras de arte, tais como a da Ponte Bela, que custou 300 contos de réis e o Bebedouro, no lugar chamado Barreira, na serra, que cobrava pedágio para amortizar o custo da estrada e sua conservação. Deveria ir até Barra Mansa, mas esgotando – se os recursos iniciais, faliu a empresa construtora.Por ela transitaram 2 milhões de arrobas de café, dos quais 9 décimos de procedência fluminense. Foi portando 30 km da maior importância, tanto econômico, histórica e social.Quando as vias férreas começaram a ser construída, de meados para final do século passado, as estradas do estado foram sendo relegadas a segundo plano, ao mesmo tempo que localidades como o Porto das Caixas, Iguassú, Itaguaí e Mangaratiba viram esvaziar – se os seus vastos armazéns e trapiches. As fazendas e lavouras estabelecidas nas regiões circunvizinhas, perto dos portos, para não arcarem com o transporte demorado, também entrarem em decadência, agravada mais tarde, no século XX, em 1929, com a queda do café e finalmente, com o desaparecimento da cidade de São João Marcos, submersa a partir de 1939, sob as águas da represa de Ribeirão das Lajes.

Fonte: http://sospraiadosaco.blogspot.com/

 
     
 

 

 

 Estrada Imperial

 
     


As primeiras construções do povoado do Saco de Mangaratiba devem datar de 1830. Esta conclusão baseia – se num ofício de nº 6 da Câmara Municipal de Mangaratiba dirigido ao Presidente da Província, Paulino José Soares de Souza, denunciando o Comendador Joaquim de Souza Breves, cognominado “ O REI DO CAFÉ” , no Brasil, denúncia no sentido de que ele iria atentar contra a Fortaleza de N. S. da Guia, ou seja, o Forte da Guia, onde o juiz de paz havia recolhido presa uma embarcação chamada “União Feliz”, por ter – se empregado desde 1835, no “ilícito, imortal e desumano tráfico de Escravatura “como consta no ofício.

Neste documento já se falava da utilização de dezenas de homens no conserto e calçamento da Estrada da Serra que se dirigia justamente até o povoado do Saco, onde os “Breves” tinham seus armazéns de café. A assinatura do contrato com Bernadinho José de Almeida, para a conclusão de parte da estrada da Serra, se deu em 15 de setembro de 1850, e em 26 de fevereiro de 1855, foi assinado novo contrato com o Desembargador Joaquim José Pacheco, criando para tal uma companhia de sociedade anônima, para construir uma estrada de Mangaratiba a Barra Mansa, no trajeto de São João do Príncipe e Rio Claro.Pelo relatório do engenheiro E.B. Webb, engenheiro chefe, da estrada, já em 02 de maio de 1857, circulavam carroças em obstáculos e em 5 ou 6 idas estaria pronta a Ponte Bela permitindo o trânsito aos carros carregados de café de São João do Príncipe (São João Marcos) até o povoado do Saco de Mangaratiba.Verifica – se ainda através de ofício de 21 de fevereiro de 1834, que a Câmara propôs em 24 de setembro de 1833, que o Comendador Joaquim de Souza Breves desse continuação à estrada que estava fazendo, até a estrada da Vila de Mangaratiba.

Algumas das Ruínas do Povoado do Saco, são de armazém de café, como as do armazém de café que pertencia à Antunes e Cia e que encerrou suas atividades em 18 de janeiro de 1865.
 
  SOARES, Sebastião Ferreira. Histórico da Companhia Industrial da Estrada de Mangaratiba e Analyse Critica e Econômica dos negócios desta companhia. Typographia Nacional, Rio de Janeiro, 1861.
     

Existia no povoado uma única Agência de Correios que foi criada para atender a importância comercial e comodidade de seus habitantes. A reivindicação foi encaminhada ao Ministro e Secretário de Estado dos negócios do Império, Antônio Carlos Ribeiro de Andrade Machado. A agência foi criada em 12 de outubro de 1840 e ocupou o cargo de Agente Antônio Coelho Netto.Encontra – se no local as Ruínas de um teatro que, como se constatou, nele representou João Caetano, por volta de 1839.
 
Era no povoamento do Saco onde ficavam os escravos que o Comendador “Breves” levava através de um caminho chamado “Conguinho” que a Câmara mandou inutilizar. Dizia a Câmara, uma de suas atas, que o Saco era um grande empório do comércio da carne humana lugar de agitações contra as autoridades legais da Vila. Vila essa, de Mangaratiba, onde vinte pessoas reclamavam contra a destruição do caminho.
 
   

 
O rio do Saco - SOS Praia do Saco.
 
As prefeituras anteriores de Mangaratiba e a atual, sempre fizeram questão ressaltar as belezas da região, de insentivar o turismo, mas nunca se preocuparam com a poluição do rio do Saco. Este rio desemboca na Praia do saco que é um dos principais cartões postais do município. Nos últimos anos várias construções foram erguidas ao longo do trajeto do rio e muitos de seus esgotos são despejados no rio sem qualquer tipo de tratamento ou filtragem.
 
 
  O povoado ficava às margens do Rio do Saco por onde se fazia o embarque e desembarque de todos os gêneros necessários para aquela povoação. Por ele se exportava súbito número de arrobas de café como se afirma em linguagem da época, nos anais da Câmara. A comprovação da existência do teatro do Povoado do Saco pode ser constatada nos autos do inventário de José Eloy da Silva Passos, que faleceu em 01 de setembro de 1848, como se verificou no Cartório do 1º ofício no Maço 21. José Eloy da Silva Passos, que era o encarregado da casa de negócio de seu pai, comunicou ao delegado de policia na época que tinha ido ao Teatro no Povoado do Saco e quando voltou encontrou sua casa de negócios arrombada. Era o mesmo teatro onde João Caetano vinha representar para a nata da aristocracia rural de Mangaratiba (Patrimônio Histórico Estadual – Tombamento: 16/04/79 – INEPAC)
 

Tabelas de taxas e preços cobrados na Estrada de Mangaratiba - Maio 1857

Fonte: SOARES, Sebastião Ferreira. Histórico da Companhia Industrial da Estrada de Mangaratiba e Analyse Critica e Econômica dos negócios desta companhia. Typographia Nacional, Rio de Janeiro, 1861.
 
 
 
 

Informações turísticas. Fonte: Mangaratiba Nativa, Turismo, Eventos e Lazer.

 
   

Estrada Imperial
Construção de 1856, com cerca de 40 km de extensão, liga Mangaratiba a Rio Claro, através da Serra do Piloto. É considerada a primeira estrada de rodagem do Brasil. Tinha o objetivo de escoar a produção de café do Vale do Paraíba para o Porto de Mangaratiba. Nela foi criado um entreposto comercial para hospedagem dos fazendeiros, ainda se encontra prédios assobradados mistos de residências / armazéns e trapiches, todos do século XIX, com linhas arquitetônicas simples, típicas do período colonial. Além do Bebedouro da Barreira, pedras de milha, sistema de escoamento de águas pluviais e a Cachoeira dos Escravos.
Localização: RJ-149, após o trevo com a BR-101, Distrito de Serra do Piloto. Visitação livre.

Ruínas do Antigo Teatro
Uma das ruínas mais importantes do sítio histórico da Estrada Imperial. Construção assobrabada, de linhas simples, do período colonial da primeira metade do século XIX. Segundo tradição ali foi edificado um teatro pelos Barões do Café, para seu entretenimento. Conta-se que o ator João Caetano lá teria encenado algumas peças, entre 1833 e 1834.
Localização: RJ-149 / Antiga Estrada Imperial. Visitação livre.

Pontes da Estrada Imperial:
Antigas pontes feitas pelos escravos na época da construção da Estrada Imperial. Para apreciar sua construção em pedras deve-se descer a escadinha rústica a direita da Estrada Imperial.
Localização: RJ-149, (Estrada Imperial) após Escola Josefina, Distrito de Serra do Piloto. Visitação livre.

Bebedouro da Barreira
Construído para dar água aos animais. Tombado pelo Patrimônio Histórico Estadual em 1983. D. Pedro II parava nesse Bebedouro para dar água ao seu cavalo. Patrimônio Histórico Estadual – Tombado em 26/01/83 - INEPAC
Localização: Estrada de São João Marcos, s/nº, Distrito de Serra do Piloto. Visitação livre.

 
 
 

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