História do café no Brasil Imperial

Capítulo XVI - TítuloII

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Estrada de Ferro Carril Pirahiense


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O século do Vapor e da Eletricidade

 

FOLHA 164, VERSO E 165    04.11.1871

“ AO MESMO  SR.

ILMO. E EXMO. SR.  A CÂMARA MUNICIPAL DE PIRAÍ, PEDE A V. EXA. PERMISSÃO PARA, INFORMANDO A PRETENSÃO DO ENGENHEIRO DO ENGENHEIRO CIVIL RAFAEL ARCHANJO GALVÃO JOR., PEDIR UM BENEFÍCIO A ESTE TERMO, A CONCESSÃO DO PRIVILÉGIO REQUERIDO.  A CÂMARA EXMO. SR., JULGA-SE DISPENSADA DE ENTRAR NAS CONSIDERAÇÕES GERAIS DE UTILIDADE DAS ESTRADAS DE FERRO TÃO PALPÁVEIS SÃO OS RESULTADOS, TÃO ACEITOS SÃO AS IDÉIAS DA ÉPOCA, TAL É A CONVICÇÃO DE QUE ENTRE OS MEIOS DE TRANSPORTE, ENTRE OS ELEMENTOS DE RIQUEZA E PROSPERIDADE ENTRE OS AJUSTES DA CIVILIZAÇÃO E DA INDÚSTRIA A LOCOMOTIVA.

 

Passageiros na estação de Piraí.

 

 

OCUPA O PRIMEIRO LUGAR, QUE O SÉCULO JÁ TEM SIDO ALCUNHADO E COM RAZÃO, O SÉCULO DO VAPOR E DA ELETRICIDADE.

RESTAM AS CONSIDERAÇÕES LOCAIS.

A EXPORTAÇÃO DOS PRODUTOS  DO VALE DO PIRAÍ E A IMPORTAÇÃO DOS GÊNEROS DE CONSUMO SÃO FEITAS PELA NAVEGAÇÃO, JÁ DE CABOTAGEM, JÁ PELO RIO PIRAÍ EM  BARCAS ESPECIAIS. A PRIMEIRA, ISTO É A NAVEGAÇÃO DE CABOTAGEM, TEM O GRAVE INCONVENIENTE  DAS DELONGAS E BALDEAÇÕES: O GÊNERO EXPORTADO CHEGA AO GRANDE MERCADO APÓS LONGO PRAZO DE 30 E 40 DIAS, JÁ DESMERECIDO E DAÍ A BAIXA NO PREÇO, AS BALDEAÇÕES AUXILIAM ESTE RESULTADO E AUMENTAM PELAS DIFERENTES ARMAZENAGENS O CUSTO DO TRANSPORTE.   A NAVEGAÇÃO PELO RIO PIRAÍ EMBRIONÁRIA E SEM POSSIBILIDADE DE FORTALECER-SE PELOS INCONVENIENTES DA NAVEGAÇÃO À RASAS ÁGUAS ACIMA; DIFÍCIL PORQUE INTERROMPIDA, DURANTE  AS GRANDES SECAS E AS ENCHENTES APROVEITANDO SÓ UMA PEQUENA ZONA DA FREGUESIA, TORNA-SE DE NECESSIDADE CARA PELAS CONTRARIEDADES ENUMERADAS JÁ PELOS PREÇOS ALTOS PORQUE PAGA OS JORNAIS AOS MARINHEIROS, DE QUE ORDINÁRIO NÃO RESISTEM DOIS ANOS AO TRABALHO HERCÚLEO DA VARA APLICADA AO PEITO.

EXPOSTAS ASSIM AS DIFICULDADES COM QUE LUTAM O PRODUTOR DOS  GÊNEROS DO PAÍS E O CONSUMIDOR DOS GÊNEROS DE EXPORTAÇÃO DIGO DOS GÊNEROS DE IMPORTAÇÃO, RESTA O MELHORAMENTO DA ESTRADA QUE MARGEIA O RIO PIRAÍ.

ESTE ASSUNTO, OBJETO DOS CUIDADOS DA ÚLTIMA ASSEMBLÉIA PROVINCIAL DA POLÍTICA DECAÍDA DESDE 1867, LEIS ESPECIAIS E FOI CONTEMPLADA SEMPRE NAS LEIS ANUAIS COM SUBVENÇÃO MAIS OU MENOS IMPORTANTES : A HISTÓRIA DA ESTRADA QUE DEVE LIGAR A FREGUESIA DO PASSA TRÊS  ( MUNICÍPIO DE S. JOÃO DO PRINCÍPE )  PELO VALE DO PIRAÍ; À ESTRADA DE SANTANA NA VIA FÉRREA DE PEDRO 2o. , PASSANDO POR ESTA VILA, NÃO PODE SER CONTADA DEPOIS DOS OFÍCIOS, QUE A V.EXA. ENDEREÇOU ESTA CÂMARA E DA LEITURA DO PERÍODO RELATIVO NO BRILHANTE RELATÓRIO COM QUE V. EXA. BRINDOU A PROVÍNCIA POR OCASIÃO DA ABERTURA DA ASSEMBLÉIA PROVINCIAL ACEITANDO OS FATOS, CONHECENDO A ÓRBITA EM QUE DEVE GIRAR ESTA CÂMARA NÃO SE OCUPARÁ MAIS COM SEMELHANTE ESTRADA.

O FATO É QUE TODOS AQUELES QUE DEVIAM UTILIZAR-SE DESTE GRANDE MELHORAMENTO DESCREVAM DE O CONSEGUIR E A CÂMARA MUNICIPAL PARTILHA DESSA DESCRENÇA.

NESTAS CONDIÇÕES A IDÉIA DE UMA EMPRESA QUE LIGUE POR UMA ESTRADA DE FERRO ESSES MESMOS PONTOS QUE DEVERIAM SER TOCADOS PELA ESTRADA DE RODAGEM EMPEDRADA E A CONSIDERAÇÃO DE TER PARTIDO DE INICIATIVA INDIVIDUAL FOI ACEITA E TEM SIDO APLAUDIDA POR TODOS OS HABITANTES DO PIRAÍ, COM A ÚNICA SALVAÇÃO DE TANTOS INTERESSES QUE PERECIAM E AMEAÇARAM EXTINGUIR-SE TOTALMENTE.

A PROJETADA VIA FÉRREA, DE BITOLA ESTREITA TOCANDO NESTA VILA, VAI SER O ÚNICO TÔNICO QUE A POSSA REGENERAR.

O futuro da via férrea e a produção dos municípios

QUANTO AO FUTURO DA EMPRESA ESTÁ ELE GARANTIDO PELO GRANDE TRÁFEGO: TODO O MUNICÍPIO DE S. JOÃO DO PRINCÍPE, PARTE DO MUNICÍPIO DO BANANAL ( DE S. PAULO), TODO O MUNICÍPIO DO RIO CLARO, AS FREGUESIAS DA VILA E DO ARROZAL DO PIRAÍ EXPORTAM, NOS ANOS DE PEQUENA COLHEITA, MAIS DE UM MILHÃO DE ARROBAS DE PRODUTOS  E NAS COLHEITAS BOAS SEGURAMENTE DOIS MILHÕES DE ARROBAS; A IMPORTAÇÃO É PELO MENOS DE METADE DO ALGARISMO; ALÉM DA RENDA DAS PASSAGENS.  A FACILIDADE DO TERRENO É MANIFESTA PEQUENAS OBRAS DE ARTE, ALÉM DO NIVELAMENTO DO TERRENO QUASE PLANO E DE ALGUMAS PONTES E PONTILHÕES; PARECE QUE A NATUREZA FADOU AS MARGENS DO RIO PARA O TRAÇO DE UMA ESTRADA DE FERRO.  ESTA CÂMARA SEMPRE ESPEROU QUE O GOVERNO GERAL NO INTERESSE DA VIA FÉRREA DE PEDRO 2o. E PARA ALCANÇAR OS PRODUTOS LEVADOS AO RIO DE JANEIRO, PELA NAVEGAÇÃO DE CABOTAGEM MAIS CEDO OU MAIS TARDE TRATARIA DO RAMAL EM QUESTÃO, PELO VALE DO PIRAÍ SÓ FALHOU A INICIATIVA DO GOVERNO VEM A INICIATIVA INDIVIDUAL POR VENTURA MENOS MOROSA.

EM VISTA POIS DAS CONSIDERAÇÕES  EXPOSTAS A C.M.(*)  DESTE TERMO ESPERA E PEDE A V.EXA. SEMPRE SOLICITO NO BEM ESTAR E NO PROGRESSO DA PROVÍNCIA QUE O GOVERNO IMPERIAL

TÃO ACERTADAMENTE CONFIOU A ADMINISTRAÇÃO DE V. EXA. QUE DEFERIA DIGO QUE DEFIRA A PRETENSÃO DO ENGENHEIRO RAFAEL ARCHANJO GALVÃO JÚNIOR COM QUE FARÁ A ESTA FÉRTIL ZONA DA PROVÍNCIA O MAIOR  FAVOR DA ATUALIDADE. DEUS Ge. A V. Exa.

PAÇO DA CÂMARA

ANTONIO LUÍS DA SILVEIRA, LUÍS ANTONIO GARCIA, FRANCISCO JOSÉ TEIXEIRA DE MESQUITA, GABRIEL FERRAZ DE ARAÚJO, LUIZ COELHO DE SOUZA.”  

 (*)  CÂMARA MUNICIPAL

Pesquisa efetuada por José Maria Campos Lemos - Arquivo Municipal de Piraí-RJ

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