Vapores, Sumacas e brigues: a frota naval dos Breves na Costa Verde.

 

  Os irmãos Breves, José e Joaquim, mantiveram durante pelo menos 40 anos a atividade náutica nas praias de Mangaratiba, Itacuruçá e Angra dos Reis. Por conta do tráfico de escravos e do comércio e transporte de café, eles, juntamente com diversos prepostos, alguns deles parentes próximos, constituíram empresas como armazéns de café, casas comissárias, e de navegação.

Nesse período de alta produção de café e intensa importação de mão de obra africana, os irmãos Breves formaram uma formidável frota naval com base nas baías de Sepetiba e Angra. O vapor Pirahy, Brigue Maria Izabel, Vapor Marambaia, Vapor Emiliana, Sumaca União Feliz, a Escuna Flor dos Mares, e algumas embarcações arrendadas de terceiros, como Januária, Leopoldina, Triumpho da Inveja, e Duarte I.

As embarcações utilizadas nesta época foram construídas no Brasil e serviam para diversos usos. Brigues eram barcos com dois ou três mastros à vela. Mais rápidos por serem de menor porte, em mar calmo, levavam alguma vantagem em relação à embarcações maiores. Os vapores, barcos com cerca de 40 metros, , possuíam grandes chaminés, casco de madeira, boca de 5 metros e propulsão por um motor a vapor que acionavam as pás de rodas. As sumacas eram pequenos barco à vela, geralmente com dois mastros, usados principalmente, em navegação de cabotagem. Os patachos, também à vela de dois mastros, tinham uma vela de proa redonda e outra de ré do tipo latina. Foram muito utilizados para o transporte de cargas e reconhecimento.

As escunas, também chamadas de brigue, são um tipo de veleiro caracterizado por usar velas de popa a proa em dois ou mais mastros. O que as distingue é o fato do mastro de ré, ou mezena, ser maior e mais alto que os demais.

Em 16 de janeiro de 1848, o Correio Mercantil anunciava que às 4 horas da tarde, no estaleiro da praia da Saúde, número 24, seria lançado ao mar, o brigue nacional Maria Izabel, construído por José Francisco de Castro, de propriedade do comendador Joaquim José de Souza Breves. A embarcação com 230 toneladas tinha como mestre o marinheiro João Dias Cardoso e 14 tripulantes. Normalmente transportava café, passageiros e escravos para o comendador Breves e seus prepostos.

A partir de 1855, o vapor Marambaia, de 66 toneladas, foi a embarcação que navegou mais tempo nas águas da baía de Sepetiba. Pertenceu ao comendador Joaquim Breves e foi durante longo tempo administrado por seu filho José Frazão de Souza Breves.

O vapor Pirahy pertenceu ao barão de Piraí, José Gonçalves de Moraes, sogro de do comendador Joaquim Breves. Em sociedade com um parente da família Oliveira Roxo, casado com uma de suas filhas, a embarcação de 109 toneladas fazia a rota Mangaratiba, Angra dos Reis e Santos. As passagens podiam ser compradas na Rua de São Bento no. 7. Foi muito utilizado também no transporte de café e gêneros alimentícios.

A movimentação e o registro do Porto publicada em jornais fornecem a real dimensão da enorme quantidade de cargas e passageiros que circulavam na região de Mangaratiba e Itacuruçá localizadas na baía de Sepetiba e dos porto de Jurumirim localizado na baía de Angra.

Nota:

"Em dez de Janeiro (...) foi apreendido pelo juiz de paz desse município o Patacho que se diz português, e que se denomina “União Feliz” por ter-se ligado desde 1835 no ilícito, imoral e desumano tráfico da escravatura, e que acabara de verificar um desembarque de africanos no lugar onde fora apreendido, e porque tivesse ingerência nessa embarcação Joaquim José de Souza Breves, e conhecendo este não poder corromper o Juiz de Paz, então em exercício, partindo de raiva fora assenhorear do mesmo Patacho (...) que por cautela estaria depositado no Forte da Guia, fazendo de novo navegar a fim de transportar talvez outro carregamento de infelizes". (Fundação Mário Peixoto - FMP. Atas da Câmara Livro 5, folhas: 136, 137)

Leia mais sobre o tráfico de escravizados em: E DEPOIS DO VALONGO? O COMÉRCIO NEGREIRO NA MONTAGEM DA CAFEICULTURA FLUMINENSE (C.1831-C.1855).Thiago Campos Pessoa. 7o. Encontro Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional.
 
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