Os Souza Breves e seu império de café

IIgreja de São João Batista do Arrozal, Piraí, RJ.

 

Antônio de Souza Breves, o patriarca da família no Brasil.

... Antônio de Souza Breves, nascido em 1720, natural da Ilha de São Jorge, casado com Dona Maria de Jesus Breves, filha de Bráz Fernandes e de Dona Joana do Espírito Santo, todos da Freguezia de Santa Luzia, do Arquipélago dos Açores e Bispado de Angra, emigrou para o Brasil ainda jovem. No Rio de Janeiro, tornou-se próspero comerciante, ficando conhecido como Antônio "Cachoeira", provavelmente o nome de alguma propriedade sua, e sua mulher conhecida como Maria "de Deus".

Taunay relata em "História do Café no Brasil" a saga deste imigrante:

Em 1737, João Machado Pereira fundava em sua fazenda a Freguezia, tendo como padroeiro São João Marcos, em cuja capela se estabeleceu pia batismal e sacrário para provisão episcopal. Logo em seguida afazendou-se na região sertaneja Antônio de Souza Breves e sua mulher, dedicando-se ao desbravamento das matas, cultivando e formando fazenda, para o que obtivera sesmarias de largas terras.


Naquele tempo em que a terra reclamava vorazmente povoadores e mais povoadores, era extrema a fecundidade das mulheres; Antônio de Souza Breves teve notável descendência e numerosa prole. O "Velho Cachoeira", como ficou conhecido em idade provecta, patriarca da família Breves, faleceu em São João Marcos, sendo sepultado em cova do Santíssimo dentro da Matriz de São João Marcos, em 31 de dezembro de 1814 e revestido seu cadáver do hábito de Santo Antônio.

Comentando este fato, observa Luiz Ascendino Dantas, com o conhecimento de causa com que versa sobre os assuntos de sua região natal - São João Marcos:

"Deste grande povoador e honesto lavrador, não há em São João Marcos nenhum traço que perpetue sua memória. Quando o Comendador Joaquim José de Souza Breves, seu neto edificou o palácio de Olaria, na capela que ali se estabeleceu, deu como orago da mesma à Santo Antônio, em homenagem à seu antepassado. Entretanto, a capela desapareceu, nada ficando que lembre a passagem desse formidável desbravador de matas.

Em 1845, quando se fundou o novo cemitério pertencente à Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, foram exumados da Matriz todos os ossos que ali se encontravam e levados para o cemitério daquela igreja. Seria uma demonstração de carinho, se os atuais descendentes do venerando Antônio de Souza Breves, fizessem erigir na Igreja do Rosário, um altar dedicado à Santo Antônio, como preito de gratidão e homenagem às cinzas desse grande fazendeiro, que ali repousa, perpetuando assim a memória daquele que fundou a numerosa prole dos Breves nesse lindo rincão da terra fluminense."

Ascendino Dantas não sabia, entretanto que num futuro bem próximo, a Companhia de Ribeirão das Lajes, atual LIGHT, iniciando naquela época os trabalhos de represamento de águas para a futura usina geradora de energia elétrica, inundou inutilmente a cidade de São João Marcos e arredores. Os moradores remanescentes de São João Marcos foram desalojados de sua região e até hoje encontram-se em pendengas na Justiça para o retorno ou uma indenização justa pelas terras perdidas com a inundação.

Do patriarca Antônio de Souza Breves e de sua mulher Dona Maria de Jesus Breves, vieram os filhos: o Capitão-mór José de Souza Breves, vindo com seus pais dos Açores; Domingos de Souza Breves, nascido em 1751 e casado com Dona Maria da Silva Breves; Thomé de Souza Breves, nascido em 1756, casado com Dona Maria Rodrigues e Dona Margarida de Souza Breves, casada com Francisco Luiz Gomes."

REFERÊNCIAS:TAUNAY, Affonso de Escragnolle. História do Café no Brasil, Rio de Janeiro, Departamento Nacional do Café. Tomo VIII. 1939.

DANTAS, Ascendino. Esboco biographico do Dr. Joaquim José de Sousa Breves: origem das fazendas São Joaquim da Gramma e Santo Antônio da Olaria : subsidios para a historia do municipio de São Joao Marcos. Rio de Janeiro, 1931. Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, RJ.

 

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